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Transtorno da Comunicação Social (TCS)

  • Foto do escritor: Mundo TDL
    Mundo TDL
  • 30 de abr. de 2019
  • 34 min de leitura

Transtorno de Comunicação Social (TCS)

(Transtorno Semântico Pragmático)

Um artigo para pais e profissionais


Este artigo foi adaptado para o português a partir do original em inglês que pode ser


encontrado no site: www.afasic.org.uk

Esta versão foi autorizada pelo site


Título original:


SOCIAL COMMUNICATION DISORDER (SCD) DSM-5


(Semantic Pragmatic Disorder)

An Article for Parents and Professionals


Autora: MARGO SHARP ALAM


Equipe Mundo TDL:


Cinthia Danielle Varão

Kilda Resende Drummond

Lillian Medeiros Ferreira

Vanessa Santos de Jesus Vicente - fonoaudióloga

Vanusa Gomes Pessoa


CONTEÚDO:


1. Introdução


2. Terminologia


3. Atos de fala (Colaborar, troca de turnos, elogiar, pedir ajuda, compartilhar

informação, narrar, conversar)


4. Outras características do TCS – Compartilhadas com TEA


5. Avaliando crianças com TCS


6. Fonoterapia


7. Como os pais podem ajudar


8. Resumo


Apêndice – DSM-5 e CID11 critérios e definições


Referencias


1. INTRODUÇÃO


O termo Transtorno da Comunicação Social (TCS) descreve crianças, jovens e adultos

que possuem uma dificuldade específica no uso da linguagem para interagir socialmente.

Na maioria dos casos, essa dificuldade com comunicação é desproporcional às suas

habilidades com gramática e fonologia (Adams et al, 2012).


As características incluem verbosidade, mudanças bruscas de assunto, domínio da

conversação, falta de ajuste da conversa de acordo com o interlocutor e pouco uso de

inferências. Esses problemas afetam a socialização e a aprendizagem.

TCS costumava ser chamado de Transtorno Semântico Pragmático (TSP) (Rapin & Allen,

1983), mas não era aceito como uma condição médica. O termo TCS agora foi

formalmente reconhecido como um condição médica distinta no DSM-5.


Leia mais sobre o DSM-5 e os critérios diagnósticos para TCS no Apêndice.

Apesar de suas características marcantes, a controvérsia permanece devido à sua

sobreposição com outros Transtornos, particularmente em relação as fronteiras

com o TEA (Transtorno do Espectro Autista).

TCS não é uma uma doença. É uma diferença específica do neurodesenvolvimento. Não

há biomarcadores, o diagnóstico exige habilidade e experiência.

Pesquisas recentes estão examinando a relação entre Transtorno do Desenvolvimento da

Linguagem (TDL), TCS e TEA (Gibson, J et al, 2013; Norbury 2014) e esse assunto

continua a ser objeto de debates.


Algumas crianças com TCS podem compartilhar características linguísticas, sociais e

genéticas com TDL e / ou TEA (Conti-Ramsden e outros, 2006; Howlin e outros 2000;

Tager-Flusberg, 2004).


Na prática, os critérios usados para distinguir TCS de TEA baseiam-se em grande parte

na ausência (no histórico e apresentação atual) de interesses rígidos, restritos e

repetitivos. Os sintomas mudam com a idade e os transtornos se sobrepõem, então uma

criança inicialmente identificada como TCS pode, mais tarde, se qualificar para TEA e

outras dificuldades de desenvolvimento neurológico, como TDAH e dislexia.


A relação entre comprometimento da linguagem oral e linguagem escrita (dislexia)

também é próxima (Stackhouse, 2000). Da mesma forma, muitas crianças com TDAH

terão dificuldades de comunicação social, e crianças com Transtorno do Desenvolvimento

da Linguagem (TDL) estão em maior risco de ter TDAH do que seus pares neurotípicos

(Goh Kok Yew, S & O'Kearney, R, 2014).

Isto é chamado de comorbidade e pode levar à confusão sobre quais sintomas

pertencem a qual transtorno.


É importante entendermos o que faz TCS uma desordem única, e quais problemas ou

condições podem estar associadas. Só então as intervenções terapêuticas apropriadas

podem ser fornecidas (Adams et al, 2012).

Ajudar as crianças a se comunicarem efetivamente, desenvolver amizades e

sentir-se bem consigo mesmas são talvez o que de mais importante podemos buscar.


Essas crianças não gostam de elogios falsos. Eles sabem quando fizeram algo correto e

ficam felizes quando recebem reconhecimento genuíno e recompensas. E elas também

percebem quando não são apreciadas.

Como as dificuldades de linguagem e comunicação social estão frequentemente

relacionadas, as pesquisas enfatizam a necessidade de avaliar as crianças como

indivíduos únicos.

O diagnóstico precoce não é fácil. Os pais de algumas crianças com TCS relatam que as

crianças falaram cedo ou na hora certa. No entanto, aquelas com TDL associado tendem

a falar mais tarde. Alguns conseguem se nivelar com seus pares, assim seus problemas

de linguagem são referidos como um atraso.

Alguns aprendem algumas palavras, mas depois, por volta dos 2 anos de idade as

esquecem e precisam reaprender. Este último padrão de aquisição é mais comum no

TEA.

Por volta da idade que deverão ir para a escola, a maioria das crianças com TCS são

fluentes (Adams, 2005). Sua dicção pode ser clara e a gramática razoavelmente boa.

Entretanto, será o seu jeito de interagir que será diferente dos colegas e chamará a

atenção.


Eles também podem parecer diferentes porque a linguagem é "roteirizada", ou seja,

ecoada de adultos ou repetida a partir de computadores, e eles podem dizer mais

do que realmente compreendem. Podem parecer enganosamente maduros ou

anormalmente bem informados quando estiverem falando sobre seus assuntos favoritos,

porém, devido a sua dificuldade com aspectos semânticos e pragmáticos da linguagem,

acham difícil falar sobre seu passeio no parque. Isso pode impactar no seu

comportamento, aprendizagem e bem-estar (Goh Kok Yew,S & O'Kearney, R, 2015 e

Durkin &Conti-Ramsden, 2010).


Até pouco tempo atrás a pragmática era uma área negligenciada de pesquisa e terapia

(Cocquyt, 2015).

O reconhecimento do TCS como uma condição por si só, já destacou a importância

de facilitar o desenvolvimento das habilidades pragmáticas das crianças (Andersen-Wood

& Smith, 1997).

Não existe uma medida precisa da prevalência de TCS (Law et al, 2002) e os relatos de

um aumento de casos são provavelmente devido a um melhor reconhecimento da

condição e distúrbios relacionados (Rutter,2005).


TCS é uma dificuldade do desenvolvimento neurológico. Não é causado por falta de

estímulos dos pais ou baixa capacidade intelectual.


Cursos, orientações e terapias devem ser específicas para o TCS, caso contrário, podem

ser inúteis e não ajudar a criança a alcançar seu potencial.

Pesquisas sugerem fortes ligações genéticas em todos distúrbios do

neurodesenvolvimento. Portanto, há um alto risco dos pais e irmãos também terem

problemas de comunicação social. Isso pode dificultar o processo de busca de

atendimento, pois os pais precisam descrever as dificuldades das crianças e compreender

as explicações que lhes são dadas.

A experiência clínica demonstra que a identificação e o apoio precoces garantem os

melhores resultados. No entanto, fornecer intervenção personalizada exige avaliação

individual das necessidades de cada criança e faltam pesquisas que demonstrem o que

realmente funciona.

Estudos de longo prazo comparando desempenho de crianças com TDL, TCS e TEA

descobriram que crianças com TCS, apesar de terem maiores dificuldades sociais do que

as com TDL , são o grupo que tende a ser o que alcança mais sucesso. Muitas crianças

com TCS terminam os estudos, incluindo universidade, e conseguem levar uma vida

plena (Whitehouse et al, 2009). Se você tem um filho com esse diagnóstico, pode se

sentir otimista em relação ao seu futuro.


2.TERMINOLOGIA


Linguagem expressiva - Se refere aos sons da fala que usamos para formar palavras e a

habilidade de formar frases gramaticalmente corretas. A maioria das crianças com TCS

têm poucos problemas nesta área. Elas podem adquirir boas habilidades linguísticas, mas

terão dificuldades para se comunicar efetivamente.


Compreensão - Se refere ao entendimento do que as pessoas dizem. Jovens com TCS

podem dar a impressão de estarem entendendo mais do que realmente estão, por

parecerem articulados à primeira vista. Seus problemas geralmente incluem demora para

processar o que foi falado e interpretação literal. Isto significa que se falarmos muito, ou

muito rápido as crianças com TCS conseguirão captar apenas as primeiras ou as ultimas

palavras. De acordo com observações clínicas, a maioria só consegue entender uma

instrução de cada vez. Eles se beneficiam do suporte visual e também da observação do

que os outros estão fazendo para saber o que fazer. Eles não integram as informações

não verbais, tais como expressões faciais, então interpretam literalmente as palavras .

Expressões idiomáticas, piadas e sarcasmo devem ser ensinados ou explicados. Da

mesma forma, instruções não específicas como "coloque isso no lugar” costumam gerar

confusão.


Conteúdo - O que falamos e o significado pretendido. Crianças com TCS possuem um

gama limitada de assuntos em relação a seus pares. Nós falamos por muitas razões

diferentes, incluindo para informar, instruir, perguntar, compartilhar sentimentos, fazer

amigos e conversar. Crianças com TCS podem ter menos atos de fala e seus atos podem

não ser apropriados. Por exemplo, ficam muito tempo tentando dar informações (não

raramente na forma de datas ou explicando rotas de ônibus) quando tudo o que o

interlocutor quer fazer é contar uma piada e bater papo. A terapia deve procurar aumentar

o repertório de atos de fala e fornecer as estratégias para a criança perceber como e

quando usar apropriadamente.


Comunicação – Se refere a habilidade de interagir através da linguagem para

compartilhar e compreender as pessoas. Crianças com TCS conseguem se comunicar

efetivamente quando estão falando sobre seu assunto preferido, especialmente com

adultos que se dispõe a ouvir com boa vontade. No entanto, de maneira geral, eles

encontram dificuldades para trocar os turnos em conversas casuais, ouvir os outros, e

contribuir para enriquecer o assunto.

Semântica – Se refere ao significado de palavras e frases em todos os níveis, incluindo os

aspectos mais sutis da linguagem, como piadas, expressões idiomáticas e de duplo sentido.


Dificuldades com a semântica não são exclusivos em crianças com TCS, mas

são uma característica fundamental. Por exemplo, se alguém perguntar “o que você

aprontou a noite passada? ”você precisaria inferir do contexto para saber sobre qual

situação particular da noite passada eles estão se referindo. Se alguém te disser que está

“quebrando a cabeça para resolver um problema” Você precisa ser capaz de perceber

pelo tom de voz, expressão facial e contexto, que a pessoa não está realmente

quebrando a cabeça e sim está preocupada por não ter encontrado ainda uma solução

para determinada situação. Interpretar essa colocação de maneira literal causaria

espanto.

É importante que professores e demais pessoas que convivam com a criança, saibam

reconhecer os problemas com a semântica para conseguirem ajustar suas falas de forma

clara, e assim, facilitar o entendimento do que foi dito no contexto.

Fazer inferências é crucial para o desenvolvimento da leitura e consequente sucesso

acadêmico e se trata de uma habilidade que normalmente começa a se desenvolver por

volta dos 2 anos de idade (Botting & Adams, 2005). Para entender o que alguém está

dizendo, a criança precisa usar seu conhecimento prévio das motivações e intenções do

interlocutor, perceber os elementos da mensagem que não foram explicitamente falados

(Van Kleeck, 2008) e combinar com o discurso, podendo assim, “ler as entrelinhas”.

Tais dificuldades acontecem também nas crianças com TDL (Norbury & Bishop, 2002)


Pragmática - Se refere ao uso da comunicação em todas as suas formas para interagir

apropriadamente com outras pessoas. Acredita-se que cerca de 97% da comunicação

acontece de maneira não verbal, ou seja, através de contato visual, expressões faciais,

gestos, percepção do tom de voz, e habilidade de trocar de turno.


É importante manter contato visual quando você fala ou ouve alguém. Se você evitar o

olhar do interlocutor poderá parecer evasivo ou desinteressado e você perderá pistas

importantes a respeito das suas intenções. Muitas pessoas com TCS dizem sentir

desconforto ao manter contato visual. Mesmo depois de aprender a sustentar o olhar, eles

ainda podem se atrapalhar e encarar fixamente o interlocutor. Outas habilidades não

verbais são igualmente importantes. Invadir o espaço pessoal das pessoas ou dar

abraços inesperados podem causar constrangimento.


Alterar a palavra que terá maior ênfase pode mudar o significado de uma frase inteira.

Para perceber isso tente dizer: “Eu nunca disse que você roubou a minha bolsa”, variando

qual palavra é pronunciada de maneira mais forte e alongada. Se você não souber como

é importante seu tom de voz e falar de maneira monótona, outras pessoas vão achar que

você está entediado ou depressivo.


Pragmática também inclui a habilidade de iniciar, trocar de turno e manter a conversa

fluindo. Escolher o assunto apropriado, ajustar a linguagem de acordo com o status do

interlocutor e saber concluir. Por exemplo, algumas coisas nós conversamos entre

amigos, mas não com os professores.


Habilidades não verbais - Se refere a como nos comunicamos sem usar palavras, e inclui

contato visual, gestos, troca de turnos e expressões faciais. Bebês e crianças adoram

compartilhar atenção e trocar turnos com adultos nas brincadeiras. Essas habilidades

pragmáticas são um importante indicador de sucesso na conversação mais tarde. No

entanto, diferenças sutis somente serão visíveis depois de uma certa idade. Se alguma

dificuldade for identificada precocemente, as intervenções podem concentrar-se na

consolidação das habilidades de troca de turno (Toddler Talk,Sharp M, More than Words,

Sussman F1 Intensive Interaction, Hewett D, 2011).


A habilidade de interpretar a linguagem não verbal de outras pessoas e começar a usá-la

acontece muito antes de as crianças dizerem as primeiras palavras. Caso isso não

aconteça, podemos suspeitar de TCS ou TEA. Quando questionados, os pais às vezes

dizem que seu filho fica bem sozinho, não gosta de brincar de “escondeu-achou” não

levanta os bracinhos pedindo colo, tem pouco contato visual. Outros, descrevem crianças

que não têm atenção compartilhada, não acenam espontaneamente e nem brincam junto

com os adultos, ou só o fazem muito tarde. Crianças com dificuldades de interação pré-

verbal podem parecer passivas ou hiperativas e será difícil se comunicar com elas.


Ajudar os pais a perceber lacunas e saber como estimular habilidades sociais é muito

importante e trás inúmeros benefícios a longo prazo.

Alguns pais comentam que suas crianças com TCS possuem poucas expressões faciais,

e não demonstram a aflição ou euforia que possam estar sentindo. Outros podem sorrir

abertamente quando ansiosos, tornando difícil para outras pessoas perceberem como

estão se sentindo.

Evidências que sugerem que crianças e adolescentes que têm problemas para identificar

os seus sentimentos, os de outras pessoas e expressá-los verbalmente podem ter TDL e

TCS não diagnosticados. Se assim for, seu desenvolvimento social pode ser melhorado

através do uso de estimulação adequada.


Semântica e pragmática são difíceis de separar. A maioria das crianças com TCS tem

problemas em ambas as áreas, impactando sua habilidade para interagir com seus pares

e criar relacionamentos apropriados. Caso não sejam atendidas essas demandas,

haverão prejuízos na auto estima e saúde mental (Cohen et al, 1998, Im-Bolter &

Cohen,2007).

Intervenção precoce é reconhecida como a melhor opção em todos casos de deficit de

interação social, e existem pesquisas que evidenciam essa afirmação (Kaale, A et al,

2012).


3. ATOS DE FALA


Estudiosos que escrevem sobre o propósito da fala, reconhecem o termo ATOS DE FALA

como sendo o objetivo da linguagem. Crianças com TCS possuem menos recursos de

atos de fala do que seus pares.

Colabora r – Crianças com TCS são menos hábeis para colaborar com o grupo e utilizam

estratégias mais imaturas para solucionar conflitos. Quando recebem um tarefa em

equipe, alguns adotam uma postura passiva enquanto outros tentar dominar o grupo.

Para aprender divisão de tarefas é preciso conseguir imaginar o que os outros estão

pensando e aceitar que eles possam ter boas ideias. Fazer sugestões assertivas invés de

se portar de maneira passiva ou agressiva.


Essas habilidades podem ser ensinadas e serão progressivamente necessárias na vida

acadêmica e no ambiente de trabalho.


Trocar de turno - Crianças com TCS são boas em falar sobre seus assuntos preferidos ou

outros assuntos previamente pesquisados, e para transmitir informações. Elas raramente

percebem quando perderam a atenção das pessoas e devem parar de falar. Como

também podem não reconhecer quando seu interlocutor está convidando-o a falar mais.

As crianças com TCS são inclinadas a interromper, falar para as pessoas (ao invés de

falar com elas) ou dar respostas abruptas, a menos que tenham aprendido a iniciar e

manter conversas. Conversas sociais informais como bate papos, são provavelmente a

forma mais difícil de comunicação para um criança com TCS. A maioria consegue

conservar algumas amizades duradouras, mas tem dificuldades para fazer novos amigos

porque eles alternam entre não saber o que dizer, e falar demais sobre si mesmos e seus

próprios interesses. Às vezes simplesmente não acham necessário falar sobre nada em

particular. Essas questões precisam ser trabalhadas em terapia.

Elogiar - Todo mundo gosta de elogios e estes podem ajudar a consolidar os

relacionamentos. Crianças Com TCS são mestres em detectar e apontar erros, incluindo

qualquer engano cometido por professores. Apesar das boas intenções, para que

consigam ser apreciados, é importante que elas aprendam como e quando corrigir ou

elogiar outras pessoas. Pesquisadores sugerem que, algumas crianças involuntariamente

"grosseiras" que geralmente são mau vistas pelos professores, podem ter TCS não

diagnosticado.


Expressar emoções - As crianças com TCS são menos habilidosas em usar a linguagem

para expressar e compartilhar sentimentos. Na ausência da linguagem, eles tendem a

usar formas mais rudimentares de comunicação, como sair correndo , gritar, agredir ou

bater a própria cabeça. Crianças passivas (particularmente meninas) quando se sentem

frustradas na escola podem internalizar seus sentimentos. Então, descarregam essa

frustração contida, nos os pais em casa. É importante que as escolas entendam que o

comportamento difícil visto apenas em casa, pode refletir problemas escolares.

Crianças com TCS e TEA não associam seu mau comportamento com pensamentos

negativos que os desencadearam. Como não reconhecem seus próprios sentimentos é

improvável que reconheçam sentimentos dos outros, a menos que isso tenha sido

abordado em terapia.


Pedir ajuda - Quando crianças com TCS não entendem alguma coisa, elas não

conseguem perguntar ou pedir ajuda apropriadamente . Alguns buscam reafirmação

repetindo a mesma pergunta diversas vezes, outros permanecem em silêncio,

especialmente quando ansiosos. Os silenciosos são frequentemente chamados de

"tímidos".

Se os relatórios escolares continuamente apontam mesmo problema, como "não participa

das conversas", "não sabe pedir ajuda ", serão necessárias intervenções para resolver

isso. Muitos professores podem não reconhecer os sinais sutis das dificuldades de

compreensão, apresentadas por uma criança superficialmente articulada com TCS. Eles

vêm uma criança sentada e sorrindo, aparentemente ajustada. Aqueles que buscam auto

regulação se agitando, interrompendo ou falando fora de hora vão ser identificados muito

mais facilmente na escola, porém, pelas razões erradas.


Aprender a pedir e aceitar ajuda, assim como fazer perguntas tais como "como foram

suas férias?" ou “como vai você ?”são habilidades que crianças com TCS precisam

aprender, pois não serão espontaneamente desenvolvidas


Narrar fatos - Realizar narrativas, faladas ou escritas, podem ser difíceis para crianças

com TDL e TCS (Norbury & Bishop, 2002). Contar ou escrever uma história que faça

sentido requer habilidade para saber quanta informação incluir e como sequenciar.

Também depende da compreensão do ponto de vista do personagem, seus sentimentos e

intenções. Sem esta percepção, pode ser difícil para muitos jovens com TCS relatar ou

escrever de forma coerente. No entanto, algumas crianças com boa memória conseguem

produzir uma boa história costurando trechos que eles assistiram na TV ou ouviram de

livros.


Conversar - Algumas pessoas com TCS conseguem dialogar bem com adultos sensíveis

que adaptam inconscientemente suas respostas para conversa fluir. Já em situações de

grupo, as regras de conversação se tornam significativamente mais complexas para as

crianças com TCS. Elas terão dificuldades para acompanhar a essência do que está

sendo discutido. Algumas podem passar impressão de timidez porque raramente

contribuem a menos que especificamente perguntadas, enquanto outras interrompem ou

dominam conversas, o que reduz ainda mais suas chances de acompanhar o assunto.



4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO TCS - COMPARTILHADAS COM TEA

TPS Transtorno do Processamento Sensorial - Refere-se à forma como o cérebro

processa e interpreta as informações sensoriais. Crianças com TCS e TEA são propensas

a serem mais lentas para processar todas as informações e separar o que é pertinente

(Ausderau, K et al, 2014). Elas tendem a ficar sobrecarregados com informações

periféricas, ou focar em detalhes específicos. Às vezes dizemos: "Eles não conseguem

enxergar o quadro completo daquilo estão olhando ”. Ambientes lotados aumentam a

sobrecarga sensorial e a ansiedade, levando crianças com TCS a se sentirem oprimidas.

Cantinas escolares, laboratórios de ciências, quadras esportivas e shopping centers

podem aumentar os níveis de ansiedade devido à quantidade de pessoas, ruídos de

fundo e outras distrações. O transtorno do processamento sensorial pode afetar a

maneira como a criança percebe o sabor, textura e cheiro dos alimentos e por isso,

desenvolver seletividade alimentar. Outras podem exibir sensibilidade incomum às

texturas das roupas, e por isso acham os uniformes escolares desconfortáveis. Algumas

não conseguem perceber adequadamente a temperatura e não se vestem de acordo com

o clima.

Coordenação Motora – Crianças com TCS costumam apresentar dificuldades motoras ou

até mesmo dispraxia. A coordenação motora é dividida em motora fina e motora grossa.

Coordenação motora grossa refere-se a como usamos nossos corpos para atividades

físicas, como caminhar, correr e brincar. Muitas crianças são descritas como desajeitadas

e preferem evitar jogos de equipe, porém podem se destacar em esportes individuais

como ciclismo e natação. Outros não percebem o perigo, então, gostam de escalar os

móveis e subir em lugares altos.


Coordenação motora fina envolve usar nossas mãos para atividades como colorir,

desenhar, escrever, recortar e abotoar. Muitas crianças com TCS não gostam de escrever,

reclamam que suas mãos doem.

Brincadeiras - Crianças com TCS são hábeis em jogos estruturados que envolvem

resolução de problemas ou blocos de construção. Elas tendem a ser menos habilidosas

em participar de brincadeiras de faz de conta com outras crianças. Para ela, é difícil se

colocar no lugar dos outros, dramatizar ou representar um personagem. Muitas crianças

com TCS têm imaginação vívida dentro da sua gama restrita de interesses, e em algumas

situações, ficam confusos entre realidade e fantasia. Podem sentir pavor genuíno ao

assistir filmes de terror por exemplo. Alguns, particularmente aqueles com baixa auto-

estima, se identificam com violência. Portanto, esteja atento.


As primeiras brincadeiras costumam ser mais fixas, inspiradas em um ou dois temas,

como reencenar um programa de TV favorito, por isso, às vezes, são descritos como

mandões, porque eles só brincam com outras crianças se elas se mantiverem exatamente

dentro do roteiro.

Ouvir e prestar atenção – Crianças com TCS costumam ser totalmente visuais,

conseguem prestar atenção em programas que assistem no celular ou TV, enquanto na

escola ficam desatentos e agitados durante as aulas. Muitas vezes necessitam se

movimentar um pouco e também de apoio visual para conseguirem manter um estado de

alerta adequado.

Podem ter dificuldade para focar em mais de uma tarefa por vez. Por exemplo, se

estiverem realizando uma atividade, não vão prestar atenção nas instruções gerais

passadas durante esse tempo, a não ser que sejam chamados pelo nome. Alguns não

conseguem se concentrar se houver muito barulho e muitas coisas acontecendo ao seu

redor. Outros conseguem, porém, com um grande esforço, o que os deixa exaustos ao fim

do dia escolar.


Comportamento – Existe uma forte ligação entre problemas emocionais e

comportamentais e dificuldades na comunicação (Cross, 2011, Gremillion & Martel, 2014,

Im-Bolter & Cohen, 2007).

Devemos lembrar que comportamento, seja bom ou ruim, é uma forma de se comunicar

ou pedir ajuda.

Muitas crianças com TCS são críticas e cheias de razão para avaliar os outros, mas não

percebem seus próprios defeitos. Isto acontece devido a dificuldade de se colocar no

lugar das pessoas. Elas podem inadvertidamente fazer ou dizer algo que chateie alguém

e serem descritas como grosseiras.

Essa dificuldade para imaginar como os outros se sentem sugere falta de empatia, então

eles precisam aprender regras sociais de maneira direta para saberem como se

comportar. Infelizmente, tentarão aplicar tais regras de maneira literal e poderão se

queixar de crianças que tenham comportamento social mais flexível.

Quando ouvem “você é má” ou “ você é arteira”, podem acreditar que seja realmente

verdade.

Costumam ser ansiosas, então preferem repetir um comportamento cuja consequência já

é conhecida. Neste caso quando ameaçadas com um certo castigo caso repitam tal

comportamento indesejado, poderão repeti-lo apenas porque o resultado é previsível.

Quando ouvem “não faça isso”, crianças com TCS entendem o que não devem fazer. Mas

não conseguem deduzir porquê não devem fazer ou o que devem fazer.


Devemos dar exemplos de como se comportar bem: chegar na escola na hora certa,

fazer as tarefas com capricho, obedecer a professora, terminar as atividades começadas,

pedir ajuda quando precisar.

Se a criança estiver nervosa, pode bater os pés no chão. Mandá-la parar não vai ajudá-la

a saber o que fazer ou como expressar sua frustração. É importante oferecer uma

alternativa para ajudar a criança a se sentir melhor.

Uma abordagem positiva, explicativa e lógica geralmente funciona melhor do que

ameaças, criticas, ignorar a criança ou broncas. Algumas crianças extremamente

ansiosas buscarão controle evitando cumprir as exigências diretas feitas a elas. Neste

caso, pedidos indiretos como “eu queria saber se seria melhor fazer x ou y primeiro...”

podem funcionar para estimular a cooperação.

No entanto, o foco deve estar na análise dos gatilhos, ou seja, o que nós adultos,

podemos ter feito ou dito para provocar a resposta negativa e o que poderíamos fazer

diferente da próxima vez.


Teoria da mente (TOM) - Este termo foi cunhado por pesquisadores que estavam

avaliando as dificuldades que crianças dentro do TEA enfrentavam para antecipar o final

de uma história com base no conhecimento do que os personagens sabiam ou não

sabiam (Baron-Cohen, S, 2001). Eles usaram histórias para testar a capacidade das

crianças de entender como o conhecimento prévio influenciou o comportamento dos

personagens da história. Com prática suficiente, a maioria crianças com TEA e

provavelmente TCS consegue aprender a passar no teste TOM. Entretanto, no mundo

real, onde necessitamos da flexibilidade de pensamento o tempo todo, eles ainda tem

dificuldades para entender as intenções das pessoas e perceber se são honestas.

Francesca Happé planejou uma série de histórias baseadas no TOM. Elas incluem

personagens deliberadamente mentindo para evitar problemas, para não causar

decepção e para persuadir. Ela descobriu que, se as informações estivessem no texto,

muitos jovens com TEA ou TCS conseguiam perceber se os personagens eram sinceros

ou não. Quando questionados mais profundamente, porém, não conseguiam explicar por

que o personagem havia mentido.


Crianças inteligentes com TEA e TCS podem dar as respostas apropriadas em situações

de testes formais, mas não conseguem aplicá-las à vida real.

Por exemplo um menino que atendi, tentando compartilhar uma história de Happé,

confidencialmente me disse que a personagem havia mentido para não chatear os pais

dela. Neste momento sua mãe entrou na sala trazendo um sanduíche que ela tinha tido

bastante trabalho para encomendar seguindo as orientações específicas do menino. Ele

então começou a apontar defeitos e explicar que não era exatamente como queria, e se

recusou a comê-lo!


Dificuldade para perceber mentiras e ilusões é uma característica comum das crianças

com TEA. Nós suspeitamos e temos evidências que o mesmo acontece com TCS. Uma

falha em reconhecer quando alguém está tentando enrolar, persuadir ou enganar você

significa que os jovens com TCS estão em maior risco de sofrer provocações, bullying e

serem manipulados. Eles são particularmente vulneráveis a pessoas de má índole com

intenções abusivas, tanto online como em situações da vida real.


Saber diferenciar mentiras inofensivas, usadas apenas para não magoar alguém, de

mentiras graves e desonestidade é essencial. Assim como discernir amigos bons e ruins.

Ambas são habilidades que permitem ao jovem ser capaz de se proteger, evitar

problemas com a justiça e amadurecer com segurança até a idade adulta.

Felizmente, existem estratégias para ajudar as crianças a desenvolver essas habilidades

para a vida.


Amizades - A maioria das crianças com TCS deseja ter amigos e, posteriormente,

relacionamentos mais íntimos. Eles terão amigos, mas a dinâmica pode ser diferente da

de seus pares. Sua capacidade de interagir é afetada por suas dificuldades de

comunicação, flexibilidade mental, tamanho do grupo social e atividade principal de cada

grupo.

Algumas crianças pequenas preferem brincar sozinhas ou observar, algumas esperam

que os outros se aproximem, outras tentam interagir incitando brincadeiras de correr ou

usando contato físico. Observações estruturadas de crianças nos parquinhos (Gibson et

al, 2011) fornecem evidências importantes para avaliação do nível de comprometimento

da comunicação social, permitem um diagnóstico preciso e auxiliam na decisões a

respeito das intervenções específicas necessárias (Adams et al, 2012).

Crianças com TCS terão sucesso em ambientes que favorecem brincadeiras estruturadas

e contato com colegas que tenham mesma idade cognitiva. Os pais frequentemente

relatam dificuldades em compartilhar brinquedos ou mesmo um amiguinho, e também em

concordar com o que a outra criança quer. Algumas crianças saem para brincar sozinhas;

outras assumem o controle. Pais relatam ofensas não intencionais, do tipo: “Eu quero

que ela vá para casa agora”. Esses problemas podem ser mediados através de

treinamento comportamental.

Os pais podem ajudar, organizando encontros entre a criança e alguns coleguinhas com

brincadeiras cuidadosamente planejadas. O ideal é que se encontrem num ambiente

neutro para brincar, e posteriormente voltem para casa e tomem um lanche juntos.

Escolher crianças com interesses semelhantes ajuda. Crianças com TCS podem ser

habilidosas com Lego® e nessas atividades seu comportamento peculiar será tolerado ou

mesmo valorizado. Boas amizades geralmente se desenvolvem a partir de interesses

especiais compartilhados.

As crianças mais velhas com TCS tendem a ter uma ou duas boas longas amizades com

crianças que se acostumaram e compreendem o seu jeito de ser. No entanto, elas podem

ter dificuldades quando mudam de escola e encontram um ambiente novo e socialmente

complexo.

Durante a adolescência, é possível que haja um distanciamento entre os jovens à medida

que os interesses divergem. Algumas pessoas com TCS e TEA não compreendem

porque tanto interesse e nem o conteúdo implícito em torno de conversas sobre

sexualidade. É preciso estar atento para essas questões para poder oferecer ajuda

quando necessário.


Mudanças - Crianças com TCS precisam de rotina e estrutura para entender seu mundo.

Não lidam bem com mudanças não planejadas, como um professor substituto, alterações

climáticas ou vovó inesperadamente pegá-los na escola. Uma avaliação de TEA é

recomendada para crianças que são mais severamente afetadas pelas mudanças e

necessitam de mecanismos compensatórios para se reorganizar, por exemplo, se

dedicam a atividades previsíveis como jogos de computador, celular ou assistem os

mesmos DVDs por horas.

Muitos pais de crianças com TCS relatam que os problemas de seus filhos são

minimizados por boas práticas pedagógicas, ou seja, professores que compreendem a

necessidade de adaptar o ambiente e estruturar lições.

As escolas primárias devem adotar o uso de listas que mostram, com imagens ou

símbolos, a sequência de atividades programadas para cada dia.

Algumas crianças sofrem com níveis incomuns de ansiedade. Ansiedade decorre da

incerteza, como: "o que será que ela quis dizer ”ou mudanças não planejadas. É

importante, sempre que possível, sinalizar mudanças antecipadamente. Levar uma

criança previamente a um local onde haverá um evento, para ela conhecer e se

familiarizar, ou mesmo mostrar online pode ajudá-la a participar do evento ou se sentir

segura em um passeio.

É importante não super valorizar a ansiedade. No entanto, ela deve ser reconhecida e

tratada. A criança pode receber uma recompensa quando demonstrar coragem para

enfrentar uma situação desconfortável. A exposição desenvolverá resiliência.

Atendimento psicológico com metodologia de terapia cognitiva comportamental adaptada

também pode ajudar.


Interesses especiais - Pessoas com TCS costumam ter opiniões fortes. Eles

frequentemente se dedicam a suas áreas de interesse tão plenamente que se tornam

especialistas. Os interesses das crianças variam. Elas podem ter preferências parecidas

com as das crianças típicas, como futebol ou moda. No entanto, a capacidade das

crianças com TCS para lembrar fatos e números sobre, equipes, jogos ou campos de

futebol será fenomenal. Algumas vezes a intensidade com que as crianças com TCS se

fixam em seus interesses especiais ,em detrimento de outras necessidades mais

prementes, pode indicar a necessidade de uma avaliação para TEA.

Muitas crianças notam que seu conhecimento e habilidade em determinado assunto

conquistam respeito de seus pares. Isso deve ser estimulado para permitir que eles

ajudem os outros e iniciem amizades.


Perfeccionismo – Crianças que se atentam a detalhes, geralmente gostam que as coisas

ao seu redor pareçam perfeitas. Elas ficam bastante incomodadas com pequenas falhas,

como um brinquedo quebrado, ou achar sua escrita ou desenho não ficou bom o

suficiente. É importante ajudar a criança a aceitar suas imperfeições e melhorar seu

desempenho. Entretanto, devido a sua capacidade de focar naquilo que particularmente

interessa, provavelmente serão capazes de alcançar, nessas áreas, um nível de

competência invejável.


Funções executivas - Se refere à capacidade de pensar e planejar com antecedência

(Henry et al, 2012). Muitas crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo

TDL, TEA e TCS são descritas como desorganizadas e esquecidas. Isso pode afetar sua

capacidade de estruturar seu próprio tempo livre, fazer escolhas, completar o dever de

casa. Eles acham difícil priorizar as atividades essenciais e se divertir depois. Usar

palavras chave como “Primeiro”, “Segundo” e “Terceiro” no quadro de rotina, acrescentar

pistas visuais e agendas de compromissos podem ajudar jovens e adultos a organizar o

trabalho ou planejar o futuro.

Da mesma forma, as crianças podem não conseguir imaginar, realisticamente como vai

ser o dia seguinte na escola. Podem pensar o pior e ficar ansiosas e relutantes em ir.


Honestidade – Pessoas com TCS e TEA não costumam mentir em situações cotidianas.

Podem fazer observações embaraçosas e criar situações constrangedoras. Entretanto,

muitas vezes desejam impressionar os outros e inventam histórias, baseadas em algum

programa de TV ou alguma discussão que presenciaram. Também não é raro fazerem

comentários negativos sobre os pais, colegas ou professores.

É preciso ter cuidado na hora de verificar a veracidade de tais comentários.

Crianças pequenas frequentemente relatam aos pais o que outras crianças fizeram ou

falaram , porém omitem o que eles podem ter feito ou dito primeiro. Problemas que

surgirem na escola, portanto, devem ser resolvidos em equipe com colaboração dos pais.

Distúrbios Alimentares - Existe uma ligação comprovada entre distúrbios alimentares e

crianças e jovens com TCS e TEA (Wentz, 2013). Os primeiros relatos descrevem uma

dieta restrita relacionada a questões sensoriais em torno do sabor, textura e cheiro. Mais

tarde isso tende a se complicar, devido a interpretação literal das aulas e palestras

escolares sobre alimentação saudável, que rotulam alguns alimentos como ruins e

alertam para a importância de se exercitar. Adolescentes tímidos podem ficar obcecados

para perder peso, esperando receber aprovação dos colegas. Isso combinado com a

pressão geral para ter uma boa aparência pode desencadear no surgimento de um

transtorno alimentar.


Transições – Se refere às mudanças de ciclos escolares. De educação infantil, para o

fundamental 1, fundamental 2, ensino médio e faculdade. Essas etapas são difíceis para

a maioria das pessoas, e ainda mais problemáticas para aquelas com TCS e TEA.

Elas estarão despreparadas para as mudanças que provavelmente encontrarão. É

essencial que essas crianças sejam amparadas durante estes períodos de transição.

Como parte deste suporte, os professores do ensino primário devem saber reconhecer as

necessidades destas crianças, e utilizarem estratégias adequadas para minimizar as

dificuldades em sala de aula e no recreio.

As crianças precisam saber circular com a devida autonomia nesses novos ambientes,

que serão gradativamente mais complexos. É preciso transmitir instruções claras sobre

coisas como: onde ir se ela perder alguma coisa, o que fazer se for intimidada, etc. Pois

elas não vão deduzir automaticamente a melhor forma de obter ajuda, e caso se sintam

perdidas, podem desenvolver baixa auto-estima,doenças e se recusar a ir na escola.

Crianças pequenas naturalmente quietinhas, com dificuldades de linguagem e

comunicação podem passar despercebidas na escola. Mesmo quando foram

identificadas, a falta de intervenção precoce adequada pode prejudicar significativamente

seu desempenho no ensino fundamental.

Felizmente, quando as dificuldades são sinalizadas com antecedência, os professores

conseguem dialogar com pais e terapeutas, para fornecer o apoio necessário durante as

transições.


Pontos fortes - Crianças com TCS são frequentemente descritas por psicólogos

educacionais como tendo perfil melindroso. Elas podem ser excepcionalmente habilidosas

em algumas áreas, e muito fracas em outras. Cada criança é diferente, porém podem ter

pontos fortes em um ou mais dos seguintes assuntos: matemática, ciências, artes, design,

música, história e até línguas estrangeiras. Outros podem podem ter como pontos fortes

atividades práticas como culinária, jardinagem ou cuidados de animais. Muitas pessoas

historicamente famosas provavelmente tinham TCS ou TEA. Sua determinação para ter

sucesso, atenção aos detalhes e motivação podem destacá-los como grandes

empreendedores. A maioria das crianças com TCS aprende melhor com pistas visuais.


Elas entenderão bem as instruções se forem usadas figuras. Isto é particularmente

importante em aulas práticas como ciências e artes.

É fácil focar no que seus filhos não conseguem fazer ou acham difícil, mas isso pode

torná-los cada vez mais ansiosos. É mais produtivo ajudá-los a descobrir e aperfeiçoar

habilidades especiais. Assim vão se sentir confiantes e aceitos pelos pares.

Quando os pais dizem: "ele não consegue fazer isso", as crianças entendem isso

literalmente. Então é importante usar frases como: "você pode achar difícil, mas vamos

nos esforçar e conseguir resolver".

Lembrar que foram capazes de diversas conquistas como nadar ou andar de bicicleta

que é uma estratégia útil para ajudar uma criança a entender o valor da perseverança.

Da mesma forma, incentivar uma criança a se concentrar em atividades onde são

naturalmente boas pode abrir portas para que entrem em grupos, façam amigos que

tenham interesses comuns e, eventualmente, consigam uma boa colocação.


5. Avaliando crianças com TCS


As primeiras pistas de que algo não vai bem com relação a linguagem costumam ser

problemas comportamentais e emocionais. Dificuldades de comunicação não

diagnosticados foram descobertos como causas dos problemas emocionais e

comportamentais de muitas crianças e adolescentes encaminhados ao CAMHS (Cohen et

al, 2013). Muitos destes casos passaram batido pelas escolas e não foram avaliadas por

um fonoaudiólogo. Outros podem ter sido encaminhados para um fonoaudiólogo, mas

não receberam intervenção consistente. (Butler, C & Kersey, G, 2012).

Compreensivelmente, os professores podem achar difícil identificar e sinalizar para os

pais, os casos de transtornos de linguagem complexos. De acordo com pesquisas

recentes até o momento, não dispomos de ferramentas de avaliação confiáveis para

diagnóstico definitivo ou para planejar intervenções apropriadas (Norbury, 2014, Baird &

Norbury, 2015). A avaliação de crianças e jovens com TCS é complexa e depende das

habilidades de muitos profissionais, incluindo médicos especialistas experientes,

psicólogos e fonoaudiólogos. Terapeutas atualizados consideram necessária a

observação direta da criança em vários ambientes para poder realizar avaliação da

linguagem. Questionários bem estruturados que devem ser preenchidos pelos pais e

cuidadores também fornecem informações chave para o processo de avaliação.

Para poder excluir ou diagnosticar o TEA , as avaliações devem incluir entrevistas semi

estruturadas com os pais, usando ferramentas como DISCO (Wing, L et al, 2002) e

avaliações observacionais estruturadas como o Cronograma de Observação Diagnóstica

de Autismo ou ADOS (Kent et al, 2013). É importante ter cautela para avaliação de

meninas. Resultados de pesquisas indicam que elas são superficialmente mais sociáveis

do que os meninos, portanto, podem não preencher os critérios que dependem apenas

dos cronogramas de observação. Os psicólogos educacionais usam ferramentas formais

de avaliação cognitiva como sonR e WISC IV (Escala de Inteligência Wechsler para

Crianças), que podem destacar diferenças pontuais entre alguns aspectos da linguagem e

inteligência. Isso ajuda a identificar perfis cognitivos e reduzir o uso de termos como

"atraso de linguagem" que implicam que a criança vai simplesmente se nivelar sozinha

com seus pares.

Uma avaliação completa deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar composta por

neuropediatra, fonoaudióloga, otorrinolaringologista, psicóloga, terapeuta ocupacional

especialista em integração sensorial e nutricionista. Devem ser excluídas as condições


biomédicas que poderiam causar problemas de linguagem, tais como surdez ou

alterações neurológicas. Além disso é necessário identificar possíveis comorbidades,

como Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e transtornos de

ansiedade, Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem, Transtorno do Processamento

Sensorial, alergias alimentares, entre outros. A saúde física pode estar prejudicada por

problemas associados a dietas restritas.

As observações e percepções dos pais e cuidadores são particularmente valiosas para as

avaliações pois eles têm oportunidade de ver seu filho em diversas situações sociais . Os

relatórios escolares também são úteis, particularmente as descrições do comportamento

da criança durante as brincadeiras e atividades menos estruturadas.


6. Fonoterapia


Toda criança é um indivíduo e precisará de ajuda personalizada com base em uma ampla

gama de avaliações para que os profissionais envolvidos possam priorizar suas

necessidades em cada momento e consigam oferecer intervenções em conjunto. Alguns

problemas na comunicação podem ser sanados por boas estratégias de ensino escolar

(Johnson & Player, 2009), mas apenas esse ajuste pode não ser suficiente para crianças

com TCS (Adams et al, 2012). A estratégia mais eficiente envolve o trabalho colaborativo

vários de profissionais. Por exemplo, uma criança com problemas sensoriais não

conseguirá ter bom aproveitamento com psicopedagoga ou com a fonoaudióloga em um

ambiente inadequado. Evidências sugerem que crianças e jovens com TCS precisam

mais do que estratégias gerais de sala de aula e apoio para alcançar seu potencial

(Adams et al, 2012). É provável que necessitem de intervenções ao longo de toda a sua

vida escolar. Estas são geralmente as mesmas usadas para crianças com TEA, pois

existem poucas opções especificamente desenvolvidas para TCS (Adams et al, 2012,

Baird & Norbury, 2015).

A aquisição da linguagem é fruto da interação social entre a criança, os pais e outros

cuidadores. Portanto, a terapia deve contar com a participação dos pais, orientados por

profissionais. Intervenções pragmáticas precisam ser aprendidas no contexto de situações

sociais da vida real (Andersen-Wood &Smith, 1997). Crianças com TCS precisam ser

ensinadas de maneira lógica e sistemática para aprender, generalizar e aplicar novas

habilidades. Algumas oportunidades de aprendizagem podem ser compartimentadas, mas

como as crianças com TCS não aprendem ao acaso, as oportunidades precisam ser

criadas ao longo do dia para que pratiquem e apliquem o que aprenderam.

O restante deste capítulo tem como objetivo fornecer orientações gerais, e não

específicas, sobre a terapia.


Ao considerar a terapia, precisamos pensar em:

.Contexto

.Trabalho conjunto com psicólogos, professores e outros terapeutas

.Estágios de desenvolvimento, incluindo a idade e o nível intelectual da criança

.Outras dificuldades de fala, linguagem e comunicação, como o TDL .

.Dificuldades de comunicação específicas do TCS

.Comorbidades, como TDAH, dislexia, etc.

.Dificuldades sensoriais

.Diferenças culturais

.Interesses e motivadores especiais


Uma abordagem que deve ser considerada é focada na interação pré verbal, como

aprender a sentar, ouvir os adultos e esperar sua vez de falar.

Mas não espere que a criança a queira escutar algo que não considere interessante ou

que seja muito difícil de entender.

Intervenções realizadas na pré escola por terapeutas ou cuidadores orientados podem

minimizar dificuldades posteriores de conversação e consequentes problemas

emocionais, permitindo que as crianças sejam mais assertivas e confiantes (Cross,

2011).

As crianças em idade escolar se beneficiam muito quando os temas que serão abordados

na aula são trabalhados com antecedência em casa ou em terapia. Elas podem conhecer

previamente quais as palavras e termos que serão usados, compreender o assunto e

assim, durante a aula em questão, vão prestar mais atenção e ter segurança para

participar ativamente das conversas sobre o assunto.

Preparar a criança de antemão para participar de atividades deve ser uma metodologia

utilizada em todas as matérias e nos diversos ambientes escolares, incluindo educação

física, lanche e recreio.

As maiores dificuldades de comunicação social geralmente acontecem nos intervalos das

aulas. Então se as intervenções levarem em consideração apenas a parte acadêmica,

muitas lacunas irão permanecer. Os pais e os funcionários da escola precisam saber

quais são as focos a serem trabalhados e as estratégias, para que todos as apliquem de

maneira consistente e uniforme durante todo o tempo.

Existem programas estruturados para ajudar crianças com TCS e melhorar suas

habilidades sociais (Adams et al, 2012). Porém não dispomos deste material para

fonoaudiólogos e professores aqui no Brasil.

Esses programas seguem determinadas diretrizes e podemos expor o foco de cada uma:

*Programas de comunicação social: Buscam ensinar sistematicamente a importância da

troca de turnos, uso de atos de fala para saber como fazer perguntas, elogiar, ser

assertivo (ao invés de agressivo), considerar pontos de vista de outra pessoa, de maneira

apropriada.

Sugestões: SULP (Rinaldi W, 1995); Talkabout (Alex Kelly, 1996); SCIP (Cathy Adams,

2016)

*Empatia dos colegas: Busca conquistar a empatia e boa vontade dos colegas, tornado-os

mais dispostos a aceitar e ajudar crianças com TCS.

Sugestão: Circles of Friends projects (Whitaker et al, 1998)


*Amizade: Uso de histórias em tirinhas (gibis) para demonstrar visualmente o que as

crianças fazem e o que estão pensando


*Compreensão Social: Histórias sociais que explicam como as pessoas agem em

determinadas situações


*Educação Sexual: Devido a não perceberem as intenções de outras pessoas, jovens

com TCS e TEA podem estar vulneráveis a algum tipo de abuso. Podem dizer algo de

maneira inocente e serem mal interpretados. Precisam ser ensinados de forma

sistemática quais são as partes íntimas de seu corpo, quem pode ver, tocar e quando.

Jovens que usam redes sociais estão especialmente vulneráveis a serem manipulados

caso divulguem informações pessoais.


*Trabalho em educação psicológica: Isto significa explicar para a criança o seu

diagnóstico de forma simples e positiva. Ser capaz de se compreender é fundamental

para o bem estar pessoal. Todas as conversas sobre este assunto devem utilizar material

de apoio que ilustrem os pontos fortes e os fracos das crianças, o que podem fazer para

se ajudar e como pedir ajuda para outras pessoas.


*Educação emocional: Sabemos que dificuldades de comunicação aumentam o risco de

problemas emocionais e comportamentais (Cohen et al, 1998).

Por isso é importante desenvolver educação emocional.

Essa terapia deve ter como objetivo ajudar as crianças a entender as conexões entre

pensamentos negativos e comportamentos decorrentes, para que ela consiga reconhecer

e gerenciar os gatilhos. O uso de materiais ilustrativos para desenvolver seu

conhecimento sobre as emoções (Tony Attwood, 2004) proporcionam aos jovens

ferramentas para comunicar necessidades e sentimentos com segurança, minimizando

reações agressivas. Ser capaz de compartilhar e conversar sobre sentimentos, reduz o

risco de desenvolver problemas emocionais.

Goh Kok Yew e O'Kearney (2014) enfatizam a importância de incluir componentes

psicológicos nos cuidados de crianças com dificuldades de linguagem e comunicação.

Isso inclui orientar os pais sobre formas de promover comportamentos socialmente

adequados a fim de permitir que os jovens escutem e se sintam mais confiantes.

Crianças com TCS não reagem bem a perguntas do tipo "Por que você fez isso?" O ideal

é que as famílias inteiras sejam orientadas por um fonoaudiólogo.

Existe um alto risco de um dos pais ou irmãos terem dificuldades semelhantes, devido ao

forte componente genético presente nos distúrbios do neurodesenvolvimento.

Isso pode resultar em dificuldades de comunicação mais complexas que impedem

interações bem-sucedidas entre os membros da família e exigem a intervenção de um

especialista em linguagem como parte de uma abordagem multidisciplinar.


*Construindo resiliência: Isso significa reconhecer os medos da criança, por exemplo

viagens escolares, provas, etc. e ajuda-las a participar. Muitas crianças com TCS

confessam suas preocupações aos pais, mas não expressam sua ansiedade na escola.

Então os professores podem não saber de nada. Crianças ansiosas vão tentar pedir aos

pais permissão para evitar atividades e faltar a compromissos que os deixam inseguros.

O sucesso da criança depende de professores e pais buscando o mesmo objetivo.

Quando a criança pede para faltar, ela está dizendo que acha difícil ser bem sucedida

naquele dia. O ideal não é concordar com essa projeção, mas sim ajudar a criança a

tornar o sucesso possível. ”A experiência mostra que esse caminho funciona bem.


Algumas vezes, as crianças podem dizer aos pais que foram maltratadas no recreio

enquanto a explicação da escola pode ser diferente. Embora pesquisas mostrem que o

bullying ocorre com mais frequência em crianças que possuem dificuldades de

comunicação (Knox & Conti-Ramsden, 2007), as crianças com TCS também focam no

que as outras crianças fizeram com elas sem entender como podem ter provocado antes.

Às vezes as crianças estão simplesmente se divertindo ou fazendo brincadeiras para

atrair amigos. Aquelas com TCS podem interpretar ou ser interpretadas errado.


7. Como os pais podem ajudar


Ler, compreender e divulgar.

É preciso ir em buscar de informações através de artigos, livros e treinamento sobre

linguagem e comunicação. Ainda existe pouco material sobre TCS especificamente.

Porém mesmo que uma criança não tenha diagnóstico de TEA, a literatura disponível

sobre a Síndrome de Asperger será útil. O termos Asperger ainda é usado para descrever

pessoas com TEA leve, que possuem muitas características em comum com TCS, porém

com maior rigidez de pensamento maiores dificuldades sociais.

Crianças com TEA e TCS melhoram com a idade e com ajuda adequada. Intervenção

multidisciplinar, boas estratégias na escola, o acesso a grupos de apoio promovem um

resultado positivo.

Sugestões para casa:

• Uso de quadros de rotina em casa

• Fale devagar e dê tempo ao seu filho para processar o que você diz

• Pause antes de responder e reduza suas frases.

• Quando a criança reclamar ou se recusar a atender, não use frases questionadoras

para corrigi-la.

• As vezes o silêncio funciona melhor

• Tente ignorar o comportamento indesejado e focar quando seu filho está se

comportando bem

• Trabalhe com terapeutas o aprendizado de generalizar regras sociais

• Dê instruções explícitas como "Coloque os livros na prateleira" em vez de "Arrume

a bagunça".

• Ofereça escolhas limitadas e definidas. Por exemplo “Seria melhor fazer X ou Y

primeiro?”

Sugestões para escola:

É importante desenvolver um relacionamento positivo com a escola do seu filho. Deve

haver um trabalho em equipe para criança conseguir generalizar as habilidades

aprendidas e resolver problemas como:

.Recusa de escrever ou terminar o trabalho em sala de aula

.Problemas de relacionamento com colegas

.Recusa de fazer o dever de casa

.Ansiedade na hora de ir para escola

.Medo de certos professores ou alunos

.Problemas sensoriais devido ao barulho, alimentação ou roupas.


.Baixa auto estima

.Isolamento, desinteresse por brincadeiras ou educação física.

Lembre-se de que seu filho vê o mundo apenas a partir da perspetiva dele. Se ele está

preocupado ou chateado sobre algo que você considera sem gravidade, é importante

reconhecer sua ansiedade antes de pensar em uma solução. Dizer a uma criança que

não se preocupe apenas aumenta sua ansiedade. Alguns alunos se comportam bem na

escola e descompensam em casa. Outros atrapalham a aula e são bastante calmos em

casa. É importante compartilhar essas mudanças de comportamento. Muitas escolas

mantêm contato com os pais por meio de agendas. Porém, as crianças vão ficar

constrangidas em compartilhar uma agenda cheia de notícias negativas com seus pais.

Funciona melhor quando as escolas implementam um processo de relatório positivo que

identifica apenas os bons comportamentos , como chegar às aulas pontualmente, fazer as

atividades corretamente, etc.

Se nos concentrarmos nos erros, reforçamos os comportamentos que estamos tentando

corrigir.

Reuniões regulares e contato facilitado (e-mail ou whats app) com escolas são a melhor

maneira de discutir e resolver questões mais negativas.

Crianças com TCS são menos habilidosas em compartilhar informações sobre o dia, por

várias razões:

• Eles têm que fazer um esforço muito maior do que seus colegas para prestar

atenção e se comportar “normalmente” na escola, então, quando voltam para casa

estão esgotados e precisam relaxar. Dê um tempo antes de perguntar sobre como

foi o dia.

• Eles podem não entender perguntas abertas. "O que você fez na escola hoje?"

Pode significar qualquer coisa.

• Eles podem achar que você já sabe e não entenderem a razão de falar sobre isso.

• Eles não compreendem por que você quer saber. Eles não deduzem que dizendo

algo bom que fizeram ou que os professores acham que fizeram , fará com que

você se sinta melhor.

• Se você sempre perguntar: “O que deu errado?”, seu filho pode pensar que você

só quer ouvir isso.

• Problemas sensoriais em torno de questões aparentemente menores podem ter um

grande impacto no bem estar da criança, inclusive causar relutância em frequentar

a escola. Escolas que são flexíveis na alimentação, ou tipos de uniformes podem

fazer a diferença entre a aceitação e a recusa.

8. Resumo


O Transtorno de Comunicação Social TCS é agora reconhecid0 como uma condição

médica distinta no DSM-5, o que deve levar a mais pesquisas sobre terapias e, assim,

melhorar os técnicas de intervenção.

O reconhecimento precoce de TCS geralmente acontece em crianças com atraso de

linguagem. No entanto, a maioria dos casos são reconhecido geralmente por causa de

problemas de comportamento na escola ou em casa impulsionados por níveis incomuns


de ansiedade. O trabalho multidisciplinar que une profissionais e família leva a melhores

resultados.


APÊNDICE : Critérios e Definições do DSM-5 e CID-11

Descrever e classificar dificuldades de linguagem e comunicação em crianças e

adolescentes representa um desafio. Não há marcadores biológicos confiáveis e muitos

distúrbios do neurodesenvolvimento se sobrepõe, levando a ocorrência de comorbidades

e complicando ainda mais a situação. Então os pesquisadores optam por usar critérios

diagnósticos específicos para categorizar distúrbios distintos.

Existem dois sistemas de identificação reconhecidos internacionalmente que fornecem

definições de condições clínicas e listam suas características essenciais. Estes são o

Classificação Internacional de Doenças (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM).

Estes manuais são atualizados regularmente por especialistas em seu campo para tentar

garantir a paridade entre os dois. O diagnóstico TCS agora existe na versão mais recente

do Manual de Diagnóstico DSM-5 da Associação Americana de Psiquiatria.

Ainda permanecem debates a respeito do TCS ser um distúrbio específico ou

simplesmente um meio termo entre Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL)

e TEA (Gibson J et al, 2013; Norbury, 2014). A maioria reconhece a necessidade de

identificá-lo.

Como os critérios diagnósticos para TEA mudaram de tríade de deficiências para uma

díade, algumas pessoas (as estimativas variam: Huerta et al, 2012) podem agora ser

excluídas do diagnóstico de TEA. Então atribuir uma categoria específica de diagnóstico

ao TCS é uma boa notícia.

A próxima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID - 11) da Organização

Mundial da Saúde usará o termo SPLI, (Transtorno Semântico Pragmático) mas em

outros aspectos, visa trabalhar em estreita colaboração com o DSM-5. O TCS será

classificado entre os distúrbios de linguagem, mas a descrição deverá coincidir com a

descrição do DSM-5 e as diferenças deverão ser mínimas.

Resumo dos critérios do DSM-5 para TCS:

A. Dificuldades persistentes no uso social da comunicação verbal e não verbal, tais como:

1. Deficits no uso da comunicação para fins sociais apropriados ao contexto.

2. Prejuízo da capacidade de alterar a comunicação para corresponder ao contexto e ao

interlocutor.

3. Dificuldade em seguir as regras de conversação, incluindo troca de turnos e

explicações de fundo.

4.Dificuldade em entender o que não é explicitamente declarado.

B. Resultando em comunicação ineficaz que limita as relações, o progresso acadêmico

e sucesso no trabalho.

C. Os sintomas estão presentes desde o início do desenvolvimento, mas os deficits não


são aparentes até que as demandas de comunicação social excedam os limites de

capacidade da criança.

D. Os sintomas não são atribuídos a outras condições médicas ou neurológicas, autismo

ou dificuldades de aprendizagem.

© 2013 Associação Americana de Psiquiatria


Sobre a autora - MARGO SHARP ALAM MSc MRCSLT ASLTIP

Margo é consultora independente de fonoaudiologia especializada em

dificuldades complexas de comunicação, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e

problemas associados a saúde mental. Ela atuou como líder do NHS SLT ASD / Tier 4

CAMHS por mais de 20 anos. Margo é usuária autorizado do Cronograma de Entrevista

de Diagnóstico para Distúrbios da Comunicação Social

(DISCO) e Cronograma de Observação do Diagnóstico de Autismo (ADOS).

Atualmente é clínica da SPARC (Equipe de Diagnóstico de Adultos) da região de West

Midlands. Ela dá palestras sobre distúrbios da comunicação social, contribuiu para vários

projetos de pesquisa e é co-autora do Self Report do Communication Checklist (CC-SR).

Margo também atua no comitê local da Associação da Criança e do Adolescente. É uma

administradora da Afasic. Fornecer relatórios para advogados educacionais, e relatórios

para Tribunais Legais. Royal College of Speech & Language Therapists (RCSLT) - Reg.

No RC0002878. Conselho de Profissões de Saúde e Cuidados (HCPC) - Reg. N.o

SL06925. Associação de Terapeutas da Fala e Linguagem na Prática Independente

(ASLTIP) - Reg. No 743


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