Transtorno da Comunicação Social (TCS)
- Mundo TDL
- 30 de abr. de 2019
- 34 min de leitura
Transtorno de Comunicação Social (TCS)
(Transtorno Semântico Pragmático)
Um artigo para pais e profissionais
Este artigo foi adaptado para o português a partir do original em inglês que pode ser
encontrado no site: www.afasic.org.uk
Esta versão foi autorizada pelo site
Título original:
SOCIAL COMMUNICATION DISORDER (SCD) DSM-5
(Semantic Pragmatic Disorder)
An Article for Parents and Professionals
Autora: MARGO SHARP ALAM
Equipe Mundo TDL:
Cinthia Danielle Varão
Kilda Resende Drummond
Lillian Medeiros Ferreira
Vanessa Santos de Jesus Vicente - fonoaudióloga
Vanusa Gomes Pessoa
CONTEÚDO:
1. Introdução
2. Terminologia
3. Atos de fala (Colaborar, troca de turnos, elogiar, pedir ajuda, compartilhar
informação, narrar, conversar)
4. Outras características do TCS – Compartilhadas com TEA
5. Avaliando crianças com TCS
6. Fonoterapia
7. Como os pais podem ajudar
8. Resumo
Apêndice – DSM-5 e CID11 critérios e definições
Referencias
1. INTRODUÇÃO
O termo Transtorno da Comunicação Social (TCS) descreve crianças, jovens e adultos
que possuem uma dificuldade específica no uso da linguagem para interagir socialmente.
Na maioria dos casos, essa dificuldade com comunicação é desproporcional às suas
habilidades com gramática e fonologia (Adams et al, 2012).
As características incluem verbosidade, mudanças bruscas de assunto, domínio da
conversação, falta de ajuste da conversa de acordo com o interlocutor e pouco uso de
inferências. Esses problemas afetam a socialização e a aprendizagem.
TCS costumava ser chamado de Transtorno Semântico Pragmático (TSP) (Rapin & Allen,
1983), mas não era aceito como uma condição médica. O termo TCS agora foi
formalmente reconhecido como um condição médica distinta no DSM-5.
Leia mais sobre o DSM-5 e os critérios diagnósticos para TCS no Apêndice.
Apesar de suas características marcantes, a controvérsia permanece devido à sua
sobreposição com outros Transtornos, particularmente em relação as fronteiras
com o TEA (Transtorno do Espectro Autista).
TCS não é uma uma doença. É uma diferença específica do neurodesenvolvimento. Não
há biomarcadores, o diagnóstico exige habilidade e experiência.
Pesquisas recentes estão examinando a relação entre Transtorno do Desenvolvimento da
Linguagem (TDL), TCS e TEA (Gibson, J et al, 2013; Norbury 2014) e esse assunto
continua a ser objeto de debates.
Algumas crianças com TCS podem compartilhar características linguísticas, sociais e
genéticas com TDL e / ou TEA (Conti-Ramsden e outros, 2006; Howlin e outros 2000;
Tager-Flusberg, 2004).
Na prática, os critérios usados para distinguir TCS de TEA baseiam-se em grande parte
na ausência (no histórico e apresentação atual) de interesses rígidos, restritos e
repetitivos. Os sintomas mudam com a idade e os transtornos se sobrepõem, então uma
criança inicialmente identificada como TCS pode, mais tarde, se qualificar para TEA e
outras dificuldades de desenvolvimento neurológico, como TDAH e dislexia.
A relação entre comprometimento da linguagem oral e linguagem escrita (dislexia)
também é próxima (Stackhouse, 2000). Da mesma forma, muitas crianças com TDAH
terão dificuldades de comunicação social, e crianças com Transtorno do Desenvolvimento
da Linguagem (TDL) estão em maior risco de ter TDAH do que seus pares neurotípicos
(Goh Kok Yew, S & O'Kearney, R, 2014).
Isto é chamado de comorbidade e pode levar à confusão sobre quais sintomas
pertencem a qual transtorno.
É importante entendermos o que faz TCS uma desordem única, e quais problemas ou
condições podem estar associadas. Só então as intervenções terapêuticas apropriadas
podem ser fornecidas (Adams et al, 2012).
Ajudar as crianças a se comunicarem efetivamente, desenvolver amizades e
sentir-se bem consigo mesmas são talvez o que de mais importante podemos buscar.
Essas crianças não gostam de elogios falsos. Eles sabem quando fizeram algo correto e
ficam felizes quando recebem reconhecimento genuíno e recompensas. E elas também
percebem quando não são apreciadas.
Como as dificuldades de linguagem e comunicação social estão frequentemente
relacionadas, as pesquisas enfatizam a necessidade de avaliar as crianças como
indivíduos únicos.
O diagnóstico precoce não é fácil. Os pais de algumas crianças com TCS relatam que as
crianças falaram cedo ou na hora certa. No entanto, aquelas com TDL associado tendem
a falar mais tarde. Alguns conseguem se nivelar com seus pares, assim seus problemas
de linguagem são referidos como um atraso.
Alguns aprendem algumas palavras, mas depois, por volta dos 2 anos de idade as
esquecem e precisam reaprender. Este último padrão de aquisição é mais comum no
TEA.
Por volta da idade que deverão ir para a escola, a maioria das crianças com TCS são
fluentes (Adams, 2005). Sua dicção pode ser clara e a gramática razoavelmente boa.
Entretanto, será o seu jeito de interagir que será diferente dos colegas e chamará a
atenção.
Eles também podem parecer diferentes porque a linguagem é "roteirizada", ou seja,
ecoada de adultos ou repetida a partir de computadores, e eles podem dizer mais
do que realmente compreendem. Podem parecer enganosamente maduros ou
anormalmente bem informados quando estiverem falando sobre seus assuntos favoritos,
porém, devido a sua dificuldade com aspectos semânticos e pragmáticos da linguagem,
acham difícil falar sobre seu passeio no parque. Isso pode impactar no seu
comportamento, aprendizagem e bem-estar (Goh Kok Yew,S & O'Kearney, R, 2015 e
Durkin &Conti-Ramsden, 2010).
Até pouco tempo atrás a pragmática era uma área negligenciada de pesquisa e terapia
(Cocquyt, 2015).
O reconhecimento do TCS como uma condição por si só, já destacou a importância
de facilitar o desenvolvimento das habilidades pragmáticas das crianças (Andersen-Wood
& Smith, 1997).
Não existe uma medida precisa da prevalência de TCS (Law et al, 2002) e os relatos de
um aumento de casos são provavelmente devido a um melhor reconhecimento da
condição e distúrbios relacionados (Rutter,2005).
TCS é uma dificuldade do desenvolvimento neurológico. Não é causado por falta de
estímulos dos pais ou baixa capacidade intelectual.
Cursos, orientações e terapias devem ser específicas para o TCS, caso contrário, podem
ser inúteis e não ajudar a criança a alcançar seu potencial.
Pesquisas sugerem fortes ligações genéticas em todos distúrbios do
neurodesenvolvimento. Portanto, há um alto risco dos pais e irmãos também terem
problemas de comunicação social. Isso pode dificultar o processo de busca de
atendimento, pois os pais precisam descrever as dificuldades das crianças e compreender
as explicações que lhes são dadas.
A experiência clínica demonstra que a identificação e o apoio precoces garantem os
melhores resultados. No entanto, fornecer intervenção personalizada exige avaliação
individual das necessidades de cada criança e faltam pesquisas que demonstrem o que
realmente funciona.
Estudos de longo prazo comparando desempenho de crianças com TDL, TCS e TEA
descobriram que crianças com TCS, apesar de terem maiores dificuldades sociais do que
as com TDL , são o grupo que tende a ser o que alcança mais sucesso. Muitas crianças
com TCS terminam os estudos, incluindo universidade, e conseguem levar uma vida
plena (Whitehouse et al, 2009). Se você tem um filho com esse diagnóstico, pode se
sentir otimista em relação ao seu futuro.
2.TERMINOLOGIA
Linguagem expressiva - Se refere aos sons da fala que usamos para formar palavras e a
habilidade de formar frases gramaticalmente corretas. A maioria das crianças com TCS
têm poucos problemas nesta área. Elas podem adquirir boas habilidades linguísticas, mas
terão dificuldades para se comunicar efetivamente.
Compreensão - Se refere ao entendimento do que as pessoas dizem. Jovens com TCS
podem dar a impressão de estarem entendendo mais do que realmente estão, por
parecerem articulados à primeira vista. Seus problemas geralmente incluem demora para
processar o que foi falado e interpretação literal. Isto significa que se falarmos muito, ou
muito rápido as crianças com TCS conseguirão captar apenas as primeiras ou as ultimas
palavras. De acordo com observações clínicas, a maioria só consegue entender uma
instrução de cada vez. Eles se beneficiam do suporte visual e também da observação do
que os outros estão fazendo para saber o que fazer. Eles não integram as informações
não verbais, tais como expressões faciais, então interpretam literalmente as palavras .
Expressões idiomáticas, piadas e sarcasmo devem ser ensinados ou explicados. Da
mesma forma, instruções não específicas como "coloque isso no lugar” costumam gerar
confusão.
Conteúdo - O que falamos e o significado pretendido. Crianças com TCS possuem um
gama limitada de assuntos em relação a seus pares. Nós falamos por muitas razões
diferentes, incluindo para informar, instruir, perguntar, compartilhar sentimentos, fazer
amigos e conversar. Crianças com TCS podem ter menos atos de fala e seus atos podem
não ser apropriados. Por exemplo, ficam muito tempo tentando dar informações (não
raramente na forma de datas ou explicando rotas de ônibus) quando tudo o que o
interlocutor quer fazer é contar uma piada e bater papo. A terapia deve procurar aumentar
o repertório de atos de fala e fornecer as estratégias para a criança perceber como e
quando usar apropriadamente.
Comunicação – Se refere a habilidade de interagir através da linguagem para
compartilhar e compreender as pessoas. Crianças com TCS conseguem se comunicar
efetivamente quando estão falando sobre seu assunto preferido, especialmente com
adultos que se dispõe a ouvir com boa vontade. No entanto, de maneira geral, eles
encontram dificuldades para trocar os turnos em conversas casuais, ouvir os outros, e
contribuir para enriquecer o assunto.
Semântica – Se refere ao significado de palavras e frases em todos os níveis, incluindo os
aspectos mais sutis da linguagem, como piadas, expressões idiomáticas e de duplo sentido.
Dificuldades com a semântica não são exclusivos em crianças com TCS, mas
são uma característica fundamental. Por exemplo, se alguém perguntar “o que você
aprontou a noite passada? ”você precisaria inferir do contexto para saber sobre qual
situação particular da noite passada eles estão se referindo. Se alguém te disser que está
“quebrando a cabeça para resolver um problema” Você precisa ser capaz de perceber
pelo tom de voz, expressão facial e contexto, que a pessoa não está realmente
quebrando a cabeça e sim está preocupada por não ter encontrado ainda uma solução
para determinada situação. Interpretar essa colocação de maneira literal causaria
espanto.
É importante que professores e demais pessoas que convivam com a criança, saibam
reconhecer os problemas com a semântica para conseguirem ajustar suas falas de forma
clara, e assim, facilitar o entendimento do que foi dito no contexto.
Fazer inferências é crucial para o desenvolvimento da leitura e consequente sucesso
acadêmico e se trata de uma habilidade que normalmente começa a se desenvolver por
volta dos 2 anos de idade (Botting & Adams, 2005). Para entender o que alguém está
dizendo, a criança precisa usar seu conhecimento prévio das motivações e intenções do
interlocutor, perceber os elementos da mensagem que não foram explicitamente falados
(Van Kleeck, 2008) e combinar com o discurso, podendo assim, “ler as entrelinhas”.
Tais dificuldades acontecem também nas crianças com TDL (Norbury & Bishop, 2002)
Pragmática - Se refere ao uso da comunicação em todas as suas formas para interagir
apropriadamente com outras pessoas. Acredita-se que cerca de 97% da comunicação
acontece de maneira não verbal, ou seja, através de contato visual, expressões faciais,
gestos, percepção do tom de voz, e habilidade de trocar de turno.
É importante manter contato visual quando você fala ou ouve alguém. Se você evitar o
olhar do interlocutor poderá parecer evasivo ou desinteressado e você perderá pistas
importantes a respeito das suas intenções. Muitas pessoas com TCS dizem sentir
desconforto ao manter contato visual. Mesmo depois de aprender a sustentar o olhar, eles
ainda podem se atrapalhar e encarar fixamente o interlocutor. Outas habilidades não
verbais são igualmente importantes. Invadir o espaço pessoal das pessoas ou dar
abraços inesperados podem causar constrangimento.
Alterar a palavra que terá maior ênfase pode mudar o significado de uma frase inteira.
Para perceber isso tente dizer: “Eu nunca disse que você roubou a minha bolsa”, variando
qual palavra é pronunciada de maneira mais forte e alongada. Se você não souber como
é importante seu tom de voz e falar de maneira monótona, outras pessoas vão achar que
você está entediado ou depressivo.
Pragmática também inclui a habilidade de iniciar, trocar de turno e manter a conversa
fluindo. Escolher o assunto apropriado, ajustar a linguagem de acordo com o status do
interlocutor e saber concluir. Por exemplo, algumas coisas nós conversamos entre
amigos, mas não com os professores.
Habilidades não verbais - Se refere a como nos comunicamos sem usar palavras, e inclui
contato visual, gestos, troca de turnos e expressões faciais. Bebês e crianças adoram
compartilhar atenção e trocar turnos com adultos nas brincadeiras. Essas habilidades
pragmáticas são um importante indicador de sucesso na conversação mais tarde. No
entanto, diferenças sutis somente serão visíveis depois de uma certa idade. Se alguma
dificuldade for identificada precocemente, as intervenções podem concentrar-se na
consolidação das habilidades de troca de turno (Toddler Talk,Sharp M, More than Words,
Sussman F1 Intensive Interaction, Hewett D, 2011).
A habilidade de interpretar a linguagem não verbal de outras pessoas e começar a usá-la
acontece muito antes de as crianças dizerem as primeiras palavras. Caso isso não
aconteça, podemos suspeitar de TCS ou TEA. Quando questionados, os pais às vezes
dizem que seu filho fica bem sozinho, não gosta de brincar de “escondeu-achou” não
levanta os bracinhos pedindo colo, tem pouco contato visual. Outros, descrevem crianças
que não têm atenção compartilhada, não acenam espontaneamente e nem brincam junto
com os adultos, ou só o fazem muito tarde. Crianças com dificuldades de interação pré-
verbal podem parecer passivas ou hiperativas e será difícil se comunicar com elas.
Ajudar os pais a perceber lacunas e saber como estimular habilidades sociais é muito
importante e trás inúmeros benefícios a longo prazo.
Alguns pais comentam que suas crianças com TCS possuem poucas expressões faciais,
e não demonstram a aflição ou euforia que possam estar sentindo. Outros podem sorrir
abertamente quando ansiosos, tornando difícil para outras pessoas perceberem como
estão se sentindo.
Evidências que sugerem que crianças e adolescentes que têm problemas para identificar
os seus sentimentos, os de outras pessoas e expressá-los verbalmente podem ter TDL e
TCS não diagnosticados. Se assim for, seu desenvolvimento social pode ser melhorado
através do uso de estimulação adequada.
Semântica e pragmática são difíceis de separar. A maioria das crianças com TCS tem
problemas em ambas as áreas, impactando sua habilidade para interagir com seus pares
e criar relacionamentos apropriados. Caso não sejam atendidas essas demandas,
haverão prejuízos na auto estima e saúde mental (Cohen et al, 1998, Im-Bolter &
Cohen,2007).
Intervenção precoce é reconhecida como a melhor opção em todos casos de deficit de
interação social, e existem pesquisas que evidenciam essa afirmação (Kaale, A et al,
2012).
3. ATOS DE FALA
Estudiosos que escrevem sobre o propósito da fala, reconhecem o termo ATOS DE FALA
como sendo o objetivo da linguagem. Crianças com TCS possuem menos recursos de
atos de fala do que seus pares.
Colabora r – Crianças com TCS são menos hábeis para colaborar com o grupo e utilizam
estratégias mais imaturas para solucionar conflitos. Quando recebem um tarefa em
equipe, alguns adotam uma postura passiva enquanto outros tentar dominar o grupo.
Para aprender divisão de tarefas é preciso conseguir imaginar o que os outros estão
pensando e aceitar que eles possam ter boas ideias. Fazer sugestões assertivas invés de
se portar de maneira passiva ou agressiva.
Essas habilidades podem ser ensinadas e serão progressivamente necessárias na vida
acadêmica e no ambiente de trabalho.
Trocar de turno - Crianças com TCS são boas em falar sobre seus assuntos preferidos ou
outros assuntos previamente pesquisados, e para transmitir informações. Elas raramente
percebem quando perderam a atenção das pessoas e devem parar de falar. Como
também podem não reconhecer quando seu interlocutor está convidando-o a falar mais.
As crianças com TCS são inclinadas a interromper, falar para as pessoas (ao invés de
falar com elas) ou dar respostas abruptas, a menos que tenham aprendido a iniciar e
manter conversas. Conversas sociais informais como bate papos, são provavelmente a
forma mais difícil de comunicação para um criança com TCS. A maioria consegue
conservar algumas amizades duradouras, mas tem dificuldades para fazer novos amigos
porque eles alternam entre não saber o que dizer, e falar demais sobre si mesmos e seus
próprios interesses. Às vezes simplesmente não acham necessário falar sobre nada em
particular. Essas questões precisam ser trabalhadas em terapia.
Elogiar - Todo mundo gosta de elogios e estes podem ajudar a consolidar os
relacionamentos. Crianças Com TCS são mestres em detectar e apontar erros, incluindo
qualquer engano cometido por professores. Apesar das boas intenções, para que
consigam ser apreciados, é importante que elas aprendam como e quando corrigir ou
elogiar outras pessoas. Pesquisadores sugerem que, algumas crianças involuntariamente
"grosseiras" que geralmente são mau vistas pelos professores, podem ter TCS não
diagnosticado.
Expressar emoções - As crianças com TCS são menos habilidosas em usar a linguagem
para expressar e compartilhar sentimentos. Na ausência da linguagem, eles tendem a
usar formas mais rudimentares de comunicação, como sair correndo , gritar, agredir ou
bater a própria cabeça. Crianças passivas (particularmente meninas) quando se sentem
frustradas na escola podem internalizar seus sentimentos. Então, descarregam essa
frustração contida, nos os pais em casa. É importante que as escolas entendam que o
comportamento difícil visto apenas em casa, pode refletir problemas escolares.
Crianças com TCS e TEA não associam seu mau comportamento com pensamentos
negativos que os desencadearam. Como não reconhecem seus próprios sentimentos é
improvável que reconheçam sentimentos dos outros, a menos que isso tenha sido
abordado em terapia.
Pedir ajuda - Quando crianças com TCS não entendem alguma coisa, elas não
conseguem perguntar ou pedir ajuda apropriadamente . Alguns buscam reafirmação
repetindo a mesma pergunta diversas vezes, outros permanecem em silêncio,
especialmente quando ansiosos. Os silenciosos são frequentemente chamados de
"tímidos".
Se os relatórios escolares continuamente apontam mesmo problema, como "não participa
das conversas", "não sabe pedir ajuda ", serão necessárias intervenções para resolver
isso. Muitos professores podem não reconhecer os sinais sutis das dificuldades de
compreensão, apresentadas por uma criança superficialmente articulada com TCS. Eles
vêm uma criança sentada e sorrindo, aparentemente ajustada. Aqueles que buscam auto
regulação se agitando, interrompendo ou falando fora de hora vão ser identificados muito
mais facilmente na escola, porém, pelas razões erradas.
Aprender a pedir e aceitar ajuda, assim como fazer perguntas tais como "como foram
suas férias?" ou “como vai você ?”são habilidades que crianças com TCS precisam
aprender, pois não serão espontaneamente desenvolvidas
Narrar fatos - Realizar narrativas, faladas ou escritas, podem ser difíceis para crianças
com TDL e TCS (Norbury & Bishop, 2002). Contar ou escrever uma história que faça
sentido requer habilidade para saber quanta informação incluir e como sequenciar.
Também depende da compreensão do ponto de vista do personagem, seus sentimentos e
intenções. Sem esta percepção, pode ser difícil para muitos jovens com TCS relatar ou
escrever de forma coerente. No entanto, algumas crianças com boa memória conseguem
produzir uma boa história costurando trechos que eles assistiram na TV ou ouviram de
livros.
Conversar - Algumas pessoas com TCS conseguem dialogar bem com adultos sensíveis
que adaptam inconscientemente suas respostas para conversa fluir. Já em situações de
grupo, as regras de conversação se tornam significativamente mais complexas para as
crianças com TCS. Elas terão dificuldades para acompanhar a essência do que está
sendo discutido. Algumas podem passar impressão de timidez porque raramente
contribuem a menos que especificamente perguntadas, enquanto outras interrompem ou
dominam conversas, o que reduz ainda mais suas chances de acompanhar o assunto.
4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO TCS - COMPARTILHADAS COM TEA
TPS Transtorno do Processamento Sensorial - Refere-se à forma como o cérebro
processa e interpreta as informações sensoriais. Crianças com TCS e TEA são propensas
a serem mais lentas para processar todas as informações e separar o que é pertinente
(Ausderau, K et al, 2014). Elas tendem a ficar sobrecarregados com informações
periféricas, ou focar em detalhes específicos. Às vezes dizemos: "Eles não conseguem
enxergar o quadro completo daquilo estão olhando ”. Ambientes lotados aumentam a
sobrecarga sensorial e a ansiedade, levando crianças com TCS a se sentirem oprimidas.
Cantinas escolares, laboratórios de ciências, quadras esportivas e shopping centers
podem aumentar os níveis de ansiedade devido à quantidade de pessoas, ruídos de
fundo e outras distrações. O transtorno do processamento sensorial pode afetar a
maneira como a criança percebe o sabor, textura e cheiro dos alimentos e por isso,
desenvolver seletividade alimentar. Outras podem exibir sensibilidade incomum às
texturas das roupas, e por isso acham os uniformes escolares desconfortáveis. Algumas
não conseguem perceber adequadamente a temperatura e não se vestem de acordo com
o clima.
Coordenação Motora – Crianças com TCS costumam apresentar dificuldades motoras ou
até mesmo dispraxia. A coordenação motora é dividida em motora fina e motora grossa.
Coordenação motora grossa refere-se a como usamos nossos corpos para atividades
físicas, como caminhar, correr e brincar. Muitas crianças são descritas como desajeitadas
e preferem evitar jogos de equipe, porém podem se destacar em esportes individuais
como ciclismo e natação. Outros não percebem o perigo, então, gostam de escalar os
móveis e subir em lugares altos.
Coordenação motora fina envolve usar nossas mãos para atividades como colorir,
desenhar, escrever, recortar e abotoar. Muitas crianças com TCS não gostam de escrever,
reclamam que suas mãos doem.
Brincadeiras - Crianças com TCS são hábeis em jogos estruturados que envolvem
resolução de problemas ou blocos de construção. Elas tendem a ser menos habilidosas
em participar de brincadeiras de faz de conta com outras crianças. Para ela, é difícil se
colocar no lugar dos outros, dramatizar ou representar um personagem. Muitas crianças
com TCS têm imaginação vívida dentro da sua gama restrita de interesses, e em algumas
situações, ficam confusos entre realidade e fantasia. Podem sentir pavor genuíno ao
assistir filmes de terror por exemplo. Alguns, particularmente aqueles com baixa auto-
estima, se identificam com violência. Portanto, esteja atento.
As primeiras brincadeiras costumam ser mais fixas, inspiradas em um ou dois temas,
como reencenar um programa de TV favorito, por isso, às vezes, são descritos como
mandões, porque eles só brincam com outras crianças se elas se mantiverem exatamente
dentro do roteiro.
Ouvir e prestar atenção – Crianças com TCS costumam ser totalmente visuais,
conseguem prestar atenção em programas que assistem no celular ou TV, enquanto na
escola ficam desatentos e agitados durante as aulas. Muitas vezes necessitam se
movimentar um pouco e também de apoio visual para conseguirem manter um estado de
alerta adequado.
Podem ter dificuldade para focar em mais de uma tarefa por vez. Por exemplo, se
estiverem realizando uma atividade, não vão prestar atenção nas instruções gerais
passadas durante esse tempo, a não ser que sejam chamados pelo nome. Alguns não
conseguem se concentrar se houver muito barulho e muitas coisas acontecendo ao seu
redor. Outros conseguem, porém, com um grande esforço, o que os deixa exaustos ao fim
do dia escolar.
Comportamento – Existe uma forte ligação entre problemas emocionais e
comportamentais e dificuldades na comunicação (Cross, 2011, Gremillion & Martel, 2014,
Im-Bolter & Cohen, 2007).
Devemos lembrar que comportamento, seja bom ou ruim, é uma forma de se comunicar
ou pedir ajuda.
Muitas crianças com TCS são críticas e cheias de razão para avaliar os outros, mas não
percebem seus próprios defeitos. Isto acontece devido a dificuldade de se colocar no
lugar das pessoas. Elas podem inadvertidamente fazer ou dizer algo que chateie alguém
e serem descritas como grosseiras.
Essa dificuldade para imaginar como os outros se sentem sugere falta de empatia, então
eles precisam aprender regras sociais de maneira direta para saberem como se
comportar. Infelizmente, tentarão aplicar tais regras de maneira literal e poderão se
queixar de crianças que tenham comportamento social mais flexível.
Quando ouvem “você é má” ou “ você é arteira”, podem acreditar que seja realmente
verdade.
Costumam ser ansiosas, então preferem repetir um comportamento cuja consequência já
é conhecida. Neste caso quando ameaçadas com um certo castigo caso repitam tal
comportamento indesejado, poderão repeti-lo apenas porque o resultado é previsível.
Quando ouvem “não faça isso”, crianças com TCS entendem o que não devem fazer. Mas
não conseguem deduzir porquê não devem fazer ou o que devem fazer.
Devemos dar exemplos de como se comportar bem: chegar na escola na hora certa,
fazer as tarefas com capricho, obedecer a professora, terminar as atividades começadas,
pedir ajuda quando precisar.
Se a criança estiver nervosa, pode bater os pés no chão. Mandá-la parar não vai ajudá-la
a saber o que fazer ou como expressar sua frustração. É importante oferecer uma
alternativa para ajudar a criança a se sentir melhor.
Uma abordagem positiva, explicativa e lógica geralmente funciona melhor do que
ameaças, criticas, ignorar a criança ou broncas. Algumas crianças extremamente
ansiosas buscarão controle evitando cumprir as exigências diretas feitas a elas. Neste
caso, pedidos indiretos como “eu queria saber se seria melhor fazer x ou y primeiro...”
podem funcionar para estimular a cooperação.
No entanto, o foco deve estar na análise dos gatilhos, ou seja, o que nós adultos,
podemos ter feito ou dito para provocar a resposta negativa e o que poderíamos fazer
diferente da próxima vez.
Teoria da mente (TOM) - Este termo foi cunhado por pesquisadores que estavam
avaliando as dificuldades que crianças dentro do TEA enfrentavam para antecipar o final
de uma história com base no conhecimento do que os personagens sabiam ou não
sabiam (Baron-Cohen, S, 2001). Eles usaram histórias para testar a capacidade das
crianças de entender como o conhecimento prévio influenciou o comportamento dos
personagens da história. Com prática suficiente, a maioria crianças com TEA e
provavelmente TCS consegue aprender a passar no teste TOM. Entretanto, no mundo
real, onde necessitamos da flexibilidade de pensamento o tempo todo, eles ainda tem
dificuldades para entender as intenções das pessoas e perceber se são honestas.
Francesca Happé planejou uma série de histórias baseadas no TOM. Elas incluem
personagens deliberadamente mentindo para evitar problemas, para não causar
decepção e para persuadir. Ela descobriu que, se as informações estivessem no texto,
muitos jovens com TEA ou TCS conseguiam perceber se os personagens eram sinceros
ou não. Quando questionados mais profundamente, porém, não conseguiam explicar por
que o personagem havia mentido.
Crianças inteligentes com TEA e TCS podem dar as respostas apropriadas em situações
de testes formais, mas não conseguem aplicá-las à vida real.
Por exemplo um menino que atendi, tentando compartilhar uma história de Happé,
confidencialmente me disse que a personagem havia mentido para não chatear os pais
dela. Neste momento sua mãe entrou na sala trazendo um sanduíche que ela tinha tido
bastante trabalho para encomendar seguindo as orientações específicas do menino. Ele
então começou a apontar defeitos e explicar que não era exatamente como queria, e se
recusou a comê-lo!
Dificuldade para perceber mentiras e ilusões é uma característica comum das crianças
com TEA. Nós suspeitamos e temos evidências que o mesmo acontece com TCS. Uma
falha em reconhecer quando alguém está tentando enrolar, persuadir ou enganar você
significa que os jovens com TCS estão em maior risco de sofrer provocações, bullying e
serem manipulados. Eles são particularmente vulneráveis a pessoas de má índole com
intenções abusivas, tanto online como em situações da vida real.
Saber diferenciar mentiras inofensivas, usadas apenas para não magoar alguém, de
mentiras graves e desonestidade é essencial. Assim como discernir amigos bons e ruins.
Ambas são habilidades que permitem ao jovem ser capaz de se proteger, evitar
problemas com a justiça e amadurecer com segurança até a idade adulta.
Felizmente, existem estratégias para ajudar as crianças a desenvolver essas habilidades
para a vida.
Amizades - A maioria das crianças com TCS deseja ter amigos e, posteriormente,
relacionamentos mais íntimos. Eles terão amigos, mas a dinâmica pode ser diferente da
de seus pares. Sua capacidade de interagir é afetada por suas dificuldades de
comunicação, flexibilidade mental, tamanho do grupo social e atividade principal de cada
grupo.
Algumas crianças pequenas preferem brincar sozinhas ou observar, algumas esperam
que os outros se aproximem, outras tentam interagir incitando brincadeiras de correr ou
usando contato físico. Observações estruturadas de crianças nos parquinhos (Gibson et
al, 2011) fornecem evidências importantes para avaliação do nível de comprometimento
da comunicação social, permitem um diagnóstico preciso e auxiliam na decisões a
respeito das intervenções específicas necessárias (Adams et al, 2012).
Crianças com TCS terão sucesso em ambientes que favorecem brincadeiras estruturadas
e contato com colegas que tenham mesma idade cognitiva. Os pais frequentemente
relatam dificuldades em compartilhar brinquedos ou mesmo um amiguinho, e também em
concordar com o que a outra criança quer. Algumas crianças saem para brincar sozinhas;
outras assumem o controle. Pais relatam ofensas não intencionais, do tipo: “Eu quero
que ela vá para casa agora”. Esses problemas podem ser mediados através de
treinamento comportamental.
Os pais podem ajudar, organizando encontros entre a criança e alguns coleguinhas com
brincadeiras cuidadosamente planejadas. O ideal é que se encontrem num ambiente
neutro para brincar, e posteriormente voltem para casa e tomem um lanche juntos.
Escolher crianças com interesses semelhantes ajuda. Crianças com TCS podem ser
habilidosas com Lego® e nessas atividades seu comportamento peculiar será tolerado ou
mesmo valorizado. Boas amizades geralmente se desenvolvem a partir de interesses
especiais compartilhados.
As crianças mais velhas com TCS tendem a ter uma ou duas boas longas amizades com
crianças que se acostumaram e compreendem o seu jeito de ser. No entanto, elas podem
ter dificuldades quando mudam de escola e encontram um ambiente novo e socialmente
complexo.
Durante a adolescência, é possível que haja um distanciamento entre os jovens à medida
que os interesses divergem. Algumas pessoas com TCS e TEA não compreendem
porque tanto interesse e nem o conteúdo implícito em torno de conversas sobre
sexualidade. É preciso estar atento para essas questões para poder oferecer ajuda
quando necessário.
Mudanças - Crianças com TCS precisam de rotina e estrutura para entender seu mundo.
Não lidam bem com mudanças não planejadas, como um professor substituto, alterações
climáticas ou vovó inesperadamente pegá-los na escola. Uma avaliação de TEA é
recomendada para crianças que são mais severamente afetadas pelas mudanças e
necessitam de mecanismos compensatórios para se reorganizar, por exemplo, se
dedicam a atividades previsíveis como jogos de computador, celular ou assistem os
mesmos DVDs por horas.
Muitos pais de crianças com TCS relatam que os problemas de seus filhos são
minimizados por boas práticas pedagógicas, ou seja, professores que compreendem a
necessidade de adaptar o ambiente e estruturar lições.
As escolas primárias devem adotar o uso de listas que mostram, com imagens ou
símbolos, a sequência de atividades programadas para cada dia.
Algumas crianças sofrem com níveis incomuns de ansiedade. Ansiedade decorre da
incerteza, como: "o que será que ela quis dizer ”ou mudanças não planejadas. É
importante, sempre que possível, sinalizar mudanças antecipadamente. Levar uma
criança previamente a um local onde haverá um evento, para ela conhecer e se
familiarizar, ou mesmo mostrar online pode ajudá-la a participar do evento ou se sentir
segura em um passeio.
É importante não super valorizar a ansiedade. No entanto, ela deve ser reconhecida e
tratada. A criança pode receber uma recompensa quando demonstrar coragem para
enfrentar uma situação desconfortável. A exposição desenvolverá resiliência.
Atendimento psicológico com metodologia de terapia cognitiva comportamental adaptada
também pode ajudar.
Interesses especiais - Pessoas com TCS costumam ter opiniões fortes. Eles
frequentemente se dedicam a suas áreas de interesse tão plenamente que se tornam
especialistas. Os interesses das crianças variam. Elas podem ter preferências parecidas
com as das crianças típicas, como futebol ou moda. No entanto, a capacidade das
crianças com TCS para lembrar fatos e números sobre, equipes, jogos ou campos de
futebol será fenomenal. Algumas vezes a intensidade com que as crianças com TCS se
fixam em seus interesses especiais ,em detrimento de outras necessidades mais
prementes, pode indicar a necessidade de uma avaliação para TEA.
Muitas crianças notam que seu conhecimento e habilidade em determinado assunto
conquistam respeito de seus pares. Isso deve ser estimulado para permitir que eles
ajudem os outros e iniciem amizades.
Perfeccionismo – Crianças que se atentam a detalhes, geralmente gostam que as coisas
ao seu redor pareçam perfeitas. Elas ficam bastante incomodadas com pequenas falhas,
como um brinquedo quebrado, ou achar sua escrita ou desenho não ficou bom o
suficiente. É importante ajudar a criança a aceitar suas imperfeições e melhorar seu
desempenho. Entretanto, devido a sua capacidade de focar naquilo que particularmente
interessa, provavelmente serão capazes de alcançar, nessas áreas, um nível de
competência invejável.
Funções executivas - Se refere à capacidade de pensar e planejar com antecedência
(Henry et al, 2012). Muitas crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, incluindo
TDL, TEA e TCS são descritas como desorganizadas e esquecidas. Isso pode afetar sua
capacidade de estruturar seu próprio tempo livre, fazer escolhas, completar o dever de
casa. Eles acham difícil priorizar as atividades essenciais e se divertir depois. Usar
palavras chave como “Primeiro”, “Segundo” e “Terceiro” no quadro de rotina, acrescentar
pistas visuais e agendas de compromissos podem ajudar jovens e adultos a organizar o
trabalho ou planejar o futuro.
Da mesma forma, as crianças podem não conseguir imaginar, realisticamente como vai
ser o dia seguinte na escola. Podem pensar o pior e ficar ansiosas e relutantes em ir.
Honestidade – Pessoas com TCS e TEA não costumam mentir em situações cotidianas.
Podem fazer observações embaraçosas e criar situações constrangedoras. Entretanto,
muitas vezes desejam impressionar os outros e inventam histórias, baseadas em algum
programa de TV ou alguma discussão que presenciaram. Também não é raro fazerem
comentários negativos sobre os pais, colegas ou professores.
É preciso ter cuidado na hora de verificar a veracidade de tais comentários.
Crianças pequenas frequentemente relatam aos pais o que outras crianças fizeram ou
falaram , porém omitem o que eles podem ter feito ou dito primeiro. Problemas que
surgirem na escola, portanto, devem ser resolvidos em equipe com colaboração dos pais.
Distúrbios Alimentares - Existe uma ligação comprovada entre distúrbios alimentares e
crianças e jovens com TCS e TEA (Wentz, 2013). Os primeiros relatos descrevem uma
dieta restrita relacionada a questões sensoriais em torno do sabor, textura e cheiro. Mais
tarde isso tende a se complicar, devido a interpretação literal das aulas e palestras
escolares sobre alimentação saudável, que rotulam alguns alimentos como ruins e
alertam para a importância de se exercitar. Adolescentes tímidos podem ficar obcecados
para perder peso, esperando receber aprovação dos colegas. Isso combinado com a
pressão geral para ter uma boa aparência pode desencadear no surgimento de um
transtorno alimentar.
Transições – Se refere às mudanças de ciclos escolares. De educação infantil, para o
fundamental 1, fundamental 2, ensino médio e faculdade. Essas etapas são difíceis para
a maioria das pessoas, e ainda mais problemáticas para aquelas com TCS e TEA.
Elas estarão despreparadas para as mudanças que provavelmente encontrarão. É
essencial que essas crianças sejam amparadas durante estes períodos de transição.
Como parte deste suporte, os professores do ensino primário devem saber reconhecer as
necessidades destas crianças, e utilizarem estratégias adequadas para minimizar as
dificuldades em sala de aula e no recreio.
As crianças precisam saber circular com a devida autonomia nesses novos ambientes,
que serão gradativamente mais complexos. É preciso transmitir instruções claras sobre
coisas como: onde ir se ela perder alguma coisa, o que fazer se for intimidada, etc. Pois
elas não vão deduzir automaticamente a melhor forma de obter ajuda, e caso se sintam
perdidas, podem desenvolver baixa auto-estima,doenças e se recusar a ir na escola.
Crianças pequenas naturalmente quietinhas, com dificuldades de linguagem e
comunicação podem passar despercebidas na escola. Mesmo quando foram
identificadas, a falta de intervenção precoce adequada pode prejudicar significativamente
seu desempenho no ensino fundamental.
Felizmente, quando as dificuldades são sinalizadas com antecedência, os professores
conseguem dialogar com pais e terapeutas, para fornecer o apoio necessário durante as
transições.
Pontos fortes - Crianças com TCS são frequentemente descritas por psicólogos
educacionais como tendo perfil melindroso. Elas podem ser excepcionalmente habilidosas
em algumas áreas, e muito fracas em outras. Cada criança é diferente, porém podem ter
pontos fortes em um ou mais dos seguintes assuntos: matemática, ciências, artes, design,
música, história e até línguas estrangeiras. Outros podem podem ter como pontos fortes
atividades práticas como culinária, jardinagem ou cuidados de animais. Muitas pessoas
historicamente famosas provavelmente tinham TCS ou TEA. Sua determinação para ter
sucesso, atenção aos detalhes e motivação podem destacá-los como grandes
empreendedores. A maioria das crianças com TCS aprende melhor com pistas visuais.
Elas entenderão bem as instruções se forem usadas figuras. Isto é particularmente
importante em aulas práticas como ciências e artes.
É fácil focar no que seus filhos não conseguem fazer ou acham difícil, mas isso pode
torná-los cada vez mais ansiosos. É mais produtivo ajudá-los a descobrir e aperfeiçoar
habilidades especiais. Assim vão se sentir confiantes e aceitos pelos pares.
Quando os pais dizem: "ele não consegue fazer isso", as crianças entendem isso
literalmente. Então é importante usar frases como: "você pode achar difícil, mas vamos
nos esforçar e conseguir resolver".
Lembrar que foram capazes de diversas conquistas como nadar ou andar de bicicleta
que é uma estratégia útil para ajudar uma criança a entender o valor da perseverança.
Da mesma forma, incentivar uma criança a se concentrar em atividades onde são
naturalmente boas pode abrir portas para que entrem em grupos, façam amigos que
tenham interesses comuns e, eventualmente, consigam uma boa colocação.
5. Avaliando crianças com TCS
As primeiras pistas de que algo não vai bem com relação a linguagem costumam ser
problemas comportamentais e emocionais. Dificuldades de comunicação não
diagnosticados foram descobertos como causas dos problemas emocionais e
comportamentais de muitas crianças e adolescentes encaminhados ao CAMHS (Cohen et
al, 2013). Muitos destes casos passaram batido pelas escolas e não foram avaliadas por
um fonoaudiólogo. Outros podem ter sido encaminhados para um fonoaudiólogo, mas
não receberam intervenção consistente. (Butler, C & Kersey, G, 2012).
Compreensivelmente, os professores podem achar difícil identificar e sinalizar para os
pais, os casos de transtornos de linguagem complexos. De acordo com pesquisas
recentes até o momento, não dispomos de ferramentas de avaliação confiáveis para
diagnóstico definitivo ou para planejar intervenções apropriadas (Norbury, 2014, Baird &
Norbury, 2015). A avaliação de crianças e jovens com TCS é complexa e depende das
habilidades de muitos profissionais, incluindo médicos especialistas experientes,
psicólogos e fonoaudiólogos. Terapeutas atualizados consideram necessária a
observação direta da criança em vários ambientes para poder realizar avaliação da
linguagem. Questionários bem estruturados que devem ser preenchidos pelos pais e
cuidadores também fornecem informações chave para o processo de avaliação.
Para poder excluir ou diagnosticar o TEA , as avaliações devem incluir entrevistas semi
estruturadas com os pais, usando ferramentas como DISCO (Wing, L et al, 2002) e
avaliações observacionais estruturadas como o Cronograma de Observação Diagnóstica
de Autismo ou ADOS (Kent et al, 2013). É importante ter cautela para avaliação de
meninas. Resultados de pesquisas indicam que elas são superficialmente mais sociáveis
do que os meninos, portanto, podem não preencher os critérios que dependem apenas
dos cronogramas de observação. Os psicólogos educacionais usam ferramentas formais
de avaliação cognitiva como sonR e WISC IV (Escala de Inteligência Wechsler para
Crianças), que podem destacar diferenças pontuais entre alguns aspectos da linguagem e
inteligência. Isso ajuda a identificar perfis cognitivos e reduzir o uso de termos como
"atraso de linguagem" que implicam que a criança vai simplesmente se nivelar sozinha
com seus pares.
Uma avaliação completa deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar composta por
neuropediatra, fonoaudióloga, otorrinolaringologista, psicóloga, terapeuta ocupacional
especialista em integração sensorial e nutricionista. Devem ser excluídas as condições
biomédicas que poderiam causar problemas de linguagem, tais como surdez ou
alterações neurológicas. Além disso é necessário identificar possíveis comorbidades,
como Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e transtornos de
ansiedade, Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem, Transtorno do Processamento
Sensorial, alergias alimentares, entre outros. A saúde física pode estar prejudicada por
problemas associados a dietas restritas.
As observações e percepções dos pais e cuidadores são particularmente valiosas para as
avaliações pois eles têm oportunidade de ver seu filho em diversas situações sociais . Os
relatórios escolares também são úteis, particularmente as descrições do comportamento
da criança durante as brincadeiras e atividades menos estruturadas.
6. Fonoterapia
Toda criança é um indivíduo e precisará de ajuda personalizada com base em uma ampla
gama de avaliações para que os profissionais envolvidos possam priorizar suas
necessidades em cada momento e consigam oferecer intervenções em conjunto. Alguns
problemas na comunicação podem ser sanados por boas estratégias de ensino escolar
(Johnson & Player, 2009), mas apenas esse ajuste pode não ser suficiente para crianças
com TCS (Adams et al, 2012). A estratégia mais eficiente envolve o trabalho colaborativo
vários de profissionais. Por exemplo, uma criança com problemas sensoriais não
conseguirá ter bom aproveitamento com psicopedagoga ou com a fonoaudióloga em um
ambiente inadequado. Evidências sugerem que crianças e jovens com TCS precisam
mais do que estratégias gerais de sala de aula e apoio para alcançar seu potencial
(Adams et al, 2012). É provável que necessitem de intervenções ao longo de toda a sua
vida escolar. Estas são geralmente as mesmas usadas para crianças com TEA, pois
existem poucas opções especificamente desenvolvidas para TCS (Adams et al, 2012,
Baird & Norbury, 2015).
A aquisição da linguagem é fruto da interação social entre a criança, os pais e outros
cuidadores. Portanto, a terapia deve contar com a participação dos pais, orientados por
profissionais. Intervenções pragmáticas precisam ser aprendidas no contexto de situações
sociais da vida real (Andersen-Wood &Smith, 1997). Crianças com TCS precisam ser
ensinadas de maneira lógica e sistemática para aprender, generalizar e aplicar novas
habilidades. Algumas oportunidades de aprendizagem podem ser compartimentadas, mas
como as crianças com TCS não aprendem ao acaso, as oportunidades precisam ser
criadas ao longo do dia para que pratiquem e apliquem o que aprenderam.
O restante deste capítulo tem como objetivo fornecer orientações gerais, e não
específicas, sobre a terapia.
Ao considerar a terapia, precisamos pensar em:
.Contexto
.Trabalho conjunto com psicólogos, professores e outros terapeutas
.Estágios de desenvolvimento, incluindo a idade e o nível intelectual da criança
.Outras dificuldades de fala, linguagem e comunicação, como o TDL .
.Dificuldades de comunicação específicas do TCS
.Comorbidades, como TDAH, dislexia, etc.
.Dificuldades sensoriais
.Diferenças culturais
.Interesses e motivadores especiais
Uma abordagem que deve ser considerada é focada na interação pré verbal, como
aprender a sentar, ouvir os adultos e esperar sua vez de falar.
Mas não espere que a criança a queira escutar algo que não considere interessante ou
que seja muito difícil de entender.
Intervenções realizadas na pré escola por terapeutas ou cuidadores orientados podem
minimizar dificuldades posteriores de conversação e consequentes problemas
emocionais, permitindo que as crianças sejam mais assertivas e confiantes (Cross,
2011).
As crianças em idade escolar se beneficiam muito quando os temas que serão abordados
na aula são trabalhados com antecedência em casa ou em terapia. Elas podem conhecer
previamente quais as palavras e termos que serão usados, compreender o assunto e
assim, durante a aula em questão, vão prestar mais atenção e ter segurança para
participar ativamente das conversas sobre o assunto.
Preparar a criança de antemão para participar de atividades deve ser uma metodologia
utilizada em todas as matérias e nos diversos ambientes escolares, incluindo educação
física, lanche e recreio.
As maiores dificuldades de comunicação social geralmente acontecem nos intervalos das
aulas. Então se as intervenções levarem em consideração apenas a parte acadêmica,
muitas lacunas irão permanecer. Os pais e os funcionários da escola precisam saber
quais são as focos a serem trabalhados e as estratégias, para que todos as apliquem de
maneira consistente e uniforme durante todo o tempo.
Existem programas estruturados para ajudar crianças com TCS e melhorar suas
habilidades sociais (Adams et al, 2012). Porém não dispomos deste material para
fonoaudiólogos e professores aqui no Brasil.
Esses programas seguem determinadas diretrizes e podemos expor o foco de cada uma:
*Programas de comunicação social: Buscam ensinar sistematicamente a importância da
troca de turnos, uso de atos de fala para saber como fazer perguntas, elogiar, ser
assertivo (ao invés de agressivo), considerar pontos de vista de outra pessoa, de maneira
apropriada.
Sugestões: SULP (Rinaldi W, 1995); Talkabout (Alex Kelly, 1996); SCIP (Cathy Adams,
2016)
*Empatia dos colegas: Busca conquistar a empatia e boa vontade dos colegas, tornado-os
mais dispostos a aceitar e ajudar crianças com TCS.
Sugestão: Circles of Friends projects (Whitaker et al, 1998)
*Amizade: Uso de histórias em tirinhas (gibis) para demonstrar visualmente o que as
crianças fazem e o que estão pensando
*Compreensão Social: Histórias sociais que explicam como as pessoas agem em
determinadas situações
*Educação Sexual: Devido a não perceberem as intenções de outras pessoas, jovens
com TCS e TEA podem estar vulneráveis a algum tipo de abuso. Podem dizer algo de
maneira inocente e serem mal interpretados. Precisam ser ensinados de forma
sistemática quais são as partes íntimas de seu corpo, quem pode ver, tocar e quando.
Jovens que usam redes sociais estão especialmente vulneráveis a serem manipulados
caso divulguem informações pessoais.
*Trabalho em educação psicológica: Isto significa explicar para a criança o seu
diagnóstico de forma simples e positiva. Ser capaz de se compreender é fundamental
para o bem estar pessoal. Todas as conversas sobre este assunto devem utilizar material
de apoio que ilustrem os pontos fortes e os fracos das crianças, o que podem fazer para
se ajudar e como pedir ajuda para outras pessoas.
*Educação emocional: Sabemos que dificuldades de comunicação aumentam o risco de
problemas emocionais e comportamentais (Cohen et al, 1998).
Por isso é importante desenvolver educação emocional.
Essa terapia deve ter como objetivo ajudar as crianças a entender as conexões entre
pensamentos negativos e comportamentos decorrentes, para que ela consiga reconhecer
e gerenciar os gatilhos. O uso de materiais ilustrativos para desenvolver seu
conhecimento sobre as emoções (Tony Attwood, 2004) proporcionam aos jovens
ferramentas para comunicar necessidades e sentimentos com segurança, minimizando
reações agressivas. Ser capaz de compartilhar e conversar sobre sentimentos, reduz o
risco de desenvolver problemas emocionais.
Goh Kok Yew e O'Kearney (2014) enfatizam a importância de incluir componentes
psicológicos nos cuidados de crianças com dificuldades de linguagem e comunicação.
Isso inclui orientar os pais sobre formas de promover comportamentos socialmente
adequados a fim de permitir que os jovens escutem e se sintam mais confiantes.
Crianças com TCS não reagem bem a perguntas do tipo "Por que você fez isso?" O ideal
é que as famílias inteiras sejam orientadas por um fonoaudiólogo.
Existe um alto risco de um dos pais ou irmãos terem dificuldades semelhantes, devido ao
forte componente genético presente nos distúrbios do neurodesenvolvimento.
Isso pode resultar em dificuldades de comunicação mais complexas que impedem
interações bem-sucedidas entre os membros da família e exigem a intervenção de um
especialista em linguagem como parte de uma abordagem multidisciplinar.
*Construindo resiliência: Isso significa reconhecer os medos da criança, por exemplo
viagens escolares, provas, etc. e ajuda-las a participar. Muitas crianças com TCS
confessam suas preocupações aos pais, mas não expressam sua ansiedade na escola.
Então os professores podem não saber de nada. Crianças ansiosas vão tentar pedir aos
pais permissão para evitar atividades e faltar a compromissos que os deixam inseguros.
O sucesso da criança depende de professores e pais buscando o mesmo objetivo.
Quando a criança pede para faltar, ela está dizendo que acha difícil ser bem sucedida
naquele dia. O ideal não é concordar com essa projeção, mas sim ajudar a criança a
tornar o sucesso possível. ”A experiência mostra que esse caminho funciona bem.
Algumas vezes, as crianças podem dizer aos pais que foram maltratadas no recreio
enquanto a explicação da escola pode ser diferente. Embora pesquisas mostrem que o
bullying ocorre com mais frequência em crianças que possuem dificuldades de
comunicação (Knox & Conti-Ramsden, 2007), as crianças com TCS também focam no
que as outras crianças fizeram com elas sem entender como podem ter provocado antes.
Às vezes as crianças estão simplesmente se divertindo ou fazendo brincadeiras para
atrair amigos. Aquelas com TCS podem interpretar ou ser interpretadas errado.
7. Como os pais podem ajudar
Ler, compreender e divulgar.
É preciso ir em buscar de informações através de artigos, livros e treinamento sobre
linguagem e comunicação. Ainda existe pouco material sobre TCS especificamente.
Porém mesmo que uma criança não tenha diagnóstico de TEA, a literatura disponível
sobre a Síndrome de Asperger será útil. O termos Asperger ainda é usado para descrever
pessoas com TEA leve, que possuem muitas características em comum com TCS, porém
com maior rigidez de pensamento maiores dificuldades sociais.
Crianças com TEA e TCS melhoram com a idade e com ajuda adequada. Intervenção
multidisciplinar, boas estratégias na escola, o acesso a grupos de apoio promovem um
resultado positivo.
Sugestões para casa:
• Uso de quadros de rotina em casa
• Fale devagar e dê tempo ao seu filho para processar o que você diz
• Pause antes de responder e reduza suas frases.
• Quando a criança reclamar ou se recusar a atender, não use frases questionadoras
para corrigi-la.
• As vezes o silêncio funciona melhor
• Tente ignorar o comportamento indesejado e focar quando seu filho está se
comportando bem
• Trabalhe com terapeutas o aprendizado de generalizar regras sociais
• Dê instruções explícitas como "Coloque os livros na prateleira" em vez de "Arrume
a bagunça".
• Ofereça escolhas limitadas e definidas. Por exemplo “Seria melhor fazer X ou Y
primeiro?”
Sugestões para escola:
É importante desenvolver um relacionamento positivo com a escola do seu filho. Deve
haver um trabalho em equipe para criança conseguir generalizar as habilidades
aprendidas e resolver problemas como:
.Recusa de escrever ou terminar o trabalho em sala de aula
.Problemas de relacionamento com colegas
.Recusa de fazer o dever de casa
.Ansiedade na hora de ir para escola
.Medo de certos professores ou alunos
.Problemas sensoriais devido ao barulho, alimentação ou roupas.
.Baixa auto estima
.Isolamento, desinteresse por brincadeiras ou educação física.
Lembre-se de que seu filho vê o mundo apenas a partir da perspetiva dele. Se ele está
preocupado ou chateado sobre algo que você considera sem gravidade, é importante
reconhecer sua ansiedade antes de pensar em uma solução. Dizer a uma criança que
não se preocupe apenas aumenta sua ansiedade. Alguns alunos se comportam bem na
escola e descompensam em casa. Outros atrapalham a aula e são bastante calmos em
casa. É importante compartilhar essas mudanças de comportamento. Muitas escolas
mantêm contato com os pais por meio de agendas. Porém, as crianças vão ficar
constrangidas em compartilhar uma agenda cheia de notícias negativas com seus pais.
Funciona melhor quando as escolas implementam um processo de relatório positivo que
identifica apenas os bons comportamentos , como chegar às aulas pontualmente, fazer as
atividades corretamente, etc.
Se nos concentrarmos nos erros, reforçamos os comportamentos que estamos tentando
corrigir.
Reuniões regulares e contato facilitado (e-mail ou whats app) com escolas são a melhor
maneira de discutir e resolver questões mais negativas.
Crianças com TCS são menos habilidosas em compartilhar informações sobre o dia, por
várias razões:
• Eles têm que fazer um esforço muito maior do que seus colegas para prestar
atenção e se comportar “normalmente” na escola, então, quando voltam para casa
estão esgotados e precisam relaxar. Dê um tempo antes de perguntar sobre como
foi o dia.
• Eles podem não entender perguntas abertas. "O que você fez na escola hoje?"
Pode significar qualquer coisa.
• Eles podem achar que você já sabe e não entenderem a razão de falar sobre isso.
• Eles não compreendem por que você quer saber. Eles não deduzem que dizendo
algo bom que fizeram ou que os professores acham que fizeram , fará com que
você se sinta melhor.
• Se você sempre perguntar: “O que deu errado?”, seu filho pode pensar que você
só quer ouvir isso.
• Problemas sensoriais em torno de questões aparentemente menores podem ter um
grande impacto no bem estar da criança, inclusive causar relutância em frequentar
a escola. Escolas que são flexíveis na alimentação, ou tipos de uniformes podem
fazer a diferença entre a aceitação e a recusa.
8. Resumo
O Transtorno de Comunicação Social TCS é agora reconhecid0 como uma condição
médica distinta no DSM-5, o que deve levar a mais pesquisas sobre terapias e, assim,
melhorar os técnicas de intervenção.
O reconhecimento precoce de TCS geralmente acontece em crianças com atraso de
linguagem. No entanto, a maioria dos casos são reconhecido geralmente por causa de
problemas de comportamento na escola ou em casa impulsionados por níveis incomuns
de ansiedade. O trabalho multidisciplinar que une profissionais e família leva a melhores
resultados.
APÊNDICE : Critérios e Definições do DSM-5 e CID-11
Descrever e classificar dificuldades de linguagem e comunicação em crianças e
adolescentes representa um desafio. Não há marcadores biológicos confiáveis e muitos
distúrbios do neurodesenvolvimento se sobrepõe, levando a ocorrência de comorbidades
e complicando ainda mais a situação. Então os pesquisadores optam por usar critérios
diagnósticos específicos para categorizar distúrbios distintos.
Existem dois sistemas de identificação reconhecidos internacionalmente que fornecem
definições de condições clínicas e listam suas características essenciais. Estes são o
Classificação Internacional de Doenças (CID) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM).
Estes manuais são atualizados regularmente por especialistas em seu campo para tentar
garantir a paridade entre os dois. O diagnóstico TCS agora existe na versão mais recente
do Manual de Diagnóstico DSM-5 da Associação Americana de Psiquiatria.
Ainda permanecem debates a respeito do TCS ser um distúrbio específico ou
simplesmente um meio termo entre Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL)
e TEA (Gibson J et al, 2013; Norbury, 2014). A maioria reconhece a necessidade de
identificá-lo.
Como os critérios diagnósticos para TEA mudaram de tríade de deficiências para uma
díade, algumas pessoas (as estimativas variam: Huerta et al, 2012) podem agora ser
excluídas do diagnóstico de TEA. Então atribuir uma categoria específica de diagnóstico
ao TCS é uma boa notícia.
A próxima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID - 11) da Organização
Mundial da Saúde usará o termo SPLI, (Transtorno Semântico Pragmático) mas em
outros aspectos, visa trabalhar em estreita colaboração com o DSM-5. O TCS será
classificado entre os distúrbios de linguagem, mas a descrição deverá coincidir com a
descrição do DSM-5 e as diferenças deverão ser mínimas.
Resumo dos critérios do DSM-5 para TCS:
A. Dificuldades persistentes no uso social da comunicação verbal e não verbal, tais como:
1. Deficits no uso da comunicação para fins sociais apropriados ao contexto.
2. Prejuízo da capacidade de alterar a comunicação para corresponder ao contexto e ao
interlocutor.
3. Dificuldade em seguir as regras de conversação, incluindo troca de turnos e
explicações de fundo.
4.Dificuldade em entender o que não é explicitamente declarado.
B. Resultando em comunicação ineficaz que limita as relações, o progresso acadêmico
e sucesso no trabalho.
C. Os sintomas estão presentes desde o início do desenvolvimento, mas os deficits não
são aparentes até que as demandas de comunicação social excedam os limites de
capacidade da criança.
D. Os sintomas não são atribuídos a outras condições médicas ou neurológicas, autismo
ou dificuldades de aprendizagem.
© 2013 Associação Americana de Psiquiatria
Sobre a autora - MARGO SHARP ALAM MSc MRCSLT ASLTIP
Margo é consultora independente de fonoaudiologia especializada em
dificuldades complexas de comunicação, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e
problemas associados a saúde mental. Ela atuou como líder do NHS SLT ASD / Tier 4
CAMHS por mais de 20 anos. Margo é usuária autorizado do Cronograma de Entrevista
de Diagnóstico para Distúrbios da Comunicação Social
(DISCO) e Cronograma de Observação do Diagnóstico de Autismo (ADOS).
Atualmente é clínica da SPARC (Equipe de Diagnóstico de Adultos) da região de West
Midlands. Ela dá palestras sobre distúrbios da comunicação social, contribuiu para vários
projetos de pesquisa e é co-autora do Self Report do Communication Checklist (CC-SR).
Margo também atua no comitê local da Associação da Criança e do Adolescente. É uma
administradora da Afasic. Fornecer relatórios para advogados educacionais, e relatórios
para Tribunais Legais. Royal College of Speech & Language Therapists (RCSLT) - Reg.
No RC0002878. Conselho de Profissões de Saúde e Cuidados (HCPC) - Reg. N.o
SL06925. Associação de Terapeutas da Fala e Linguagem na Prática Independente
(ASLTIP) - Reg. No 743
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